Fernando Henrique Cardoso (FHC) completa, hoje, 90 anos. Lançou, não faz muito, mais um livro: "Fernando Henrique Cardoso: Um intelectual na política {Memórias}", pela Companhia das Letras, na qual rememora sua trajetória intelectual e política. Recomendo a leitura!
Nascido no Rio de Janeiro, em 1931, FHC mudou-se jovem com a família para São Paulo, onde ingressou na Universidade de São Paulo (USP). Cursou Ciências Sociais e travou contato com os mestres franceses e com Florestan Fernandes, suas grandes referências.
Cardoso conjugou, na USP, as funções docentes e de pesquisa com atuação nos órgãos políticos de representação junto à organização universitária.
Chegou ao topo da carreira tornando-se professor Catedrático de Ciência Política, mas não pode assumir, aposentado compulsoriamente pelo Regime Militar.
Exilado, Cardoso trabalhou na Cepal - Comissão Econômica da América Latina - órgão da ONU. Escreveu, em parceria com Enzo Faletto, a obra que lhe deu prestígio internacional: "Dependência e desenvolvimento na América Latina". Tendo domínio de outros idiomas, trabalhou na Argentina, Chile, França e EUA.
Ainda com os militares no poder, retornou ao Brasil e fundou o Cebrap, Centro Brasileiro de Análise e Planejamento.
Foi convidado a ajudar na construção de projeto político do MDB, entendendo que além de estudar, pesquisar e debater, poderia ter papel ativo na vida política. Eleito senador suplente, assumiu a vaga no Senado Federal, chegou à liderança do partido e, ainda, participou da Assembleia Constituinte.
Teve convite para compor o ministério de Itamar Franco, primeiro, na pasta das Relações Exteriores; depois, na Fazenda. Neste ministério foi a liderança que conduziu a criação do Plano Real, pondo fim à hiperinflação e estabilidade à economia.
Concorreu e ganhou, no primeiro turno, duas vezes, chegando à Presidência da República. Seus governos não foram isentos de erros, de crises (internas e externas), mas deu continuidade à estabilização da economia, universalização do ensino fundamental, fortalecimento do SUS e do avanço da reforma agrária. Foi, essencialmente, um democrata no poder.
Findado seu mandato, retomou as atividades intelectuais e, por isso, sempre emprestou seu e visibilidade a temas nacionais e globais. Premiado inúmeras vezes, foi, ainda, eleito imortal da Academia Brasileira de Letras.
Aos 90 anos, FHC continua ativo e ao lado das causas democráticas e dos valores republicanos. Parabéns, FHC!