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Saraiva Júnior: Ameaças de golpe no Brasil
Opinião

Saraiva Júnior: Ameaças de golpe no Brasil

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Saraiva Júnior - Escritor, historiador e ex-conselheiro de leitores do O POVO (Foto: Saraiva Júnior)
Foto: Saraiva Júnior Saraiva Júnior - Escritor, historiador e ex-conselheiro de leitores do O POVO

É interessante fazer um paralelo com certos fatos históricos para melhor se compreender a realidade política do presente e talvez vislumbrar nuances de futuro.

Em 1961, por exemplo, o Brasil tinha Jânio Quadros como presidente, eleito com maioria de votos, empunhando a bandeira de uma vassoura a varrer a corrupção do país.

No entanto, boatos de golpe de Estado soavam desde antes do suicídio do ex-presidente Getúlio Vargas.

Jânio iniciou o governo com entusiasmo, quebrando protocolos burocráticos e adotando o bilhete como modo de contato. Logo foi chamado de presidente bossa-nova.

Com a cabeça voltada para os problemas do então "Terceiro Mundo", passou a apoiar o intercâmbio econômico e cultural com países de África e Ásia.

Irreverente, condecorou Che Guevara, comparsa de Fidel Castro na realização da Revolução Cubana.

Boatos sobre golpe junto às forças armadas pipocaram. Jânio era audaz, governava com os próprios pensamentos, disposto a não acatar ordens. Inesperadamente renunciou, alegando que "forças ocultas" quiseram lhe derrubar.

Estudiosos afirmam que Jânio queria, na realidade, voltar nos braços do povo. Estaria convencido de que a população iria às ruas para exigir seu retorno e, nesse momento, ele instauraria um regime ditatorial.

Hoje, boatos de golpe são propalados pelo atual presidente, Bolsonaro. Sua afinidade política é de total rendição aos interesses de Donald Trump.

O governo de Bolsonaro é inoperante e está sem rumo. O desemprego apresenta as maiores taxas da História e não se consegue coordenar minimamente o combate à pandemia. O presidente destila ódio e mentiras diariamente, humilhando famílias de mortos por Covid-19.

No fundo, quer o caos para encobrir a péssima administração, levar o grupinho de fanáticos às ruas e atrair o apoio das forças armadas para sua aventura negacionista e instalação do golpe. O Brasil nunca precisou de golpes. Mais consciente, o povo saberá percorrer o próprio caminho. n

 

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