Qual é o limite da defesa? Uma pergunta cujas respostas são difíceis, complexas. Muitos não sabem opinar até ficarem diante de situações que abrem o debate sobre defesa e desrespeito ao próximo.
Na última semana, a mídia divulgou, amplamente, o comportamento de um advogado que durante um Tribunal do Júri simulou uma esganadura em sua colega de profissão. O vídeo da atitude do profissional assustou e causou comoção.
A atitude, diga-se injustificada, tinha como objetivo provar a inocência do seu cliente. De nada adiantou, este foi condenado a mais de 30 anos de prisão.
Nesse contexto, é essencial refletirmos sobre a linha tênue entre os direitos envolvidos no caso.
O direito do profissional de buscar a todo custo demonstrar a sua tese de defesa; o direito da sua colega de profissão de ser preservada de uma simulação e sofrer uma possível agressão, já que muitos estão entendendo desta maneira; e o direito da família da outra parte de se deparar com a encenação de um ato extremamente violento capaz de ter levado a vida de seu parente.
Os operadores do Direito sabem que comportamentos teatrais são típicos do júri. Contudo, os tempos mudaram.
As cenas vivenciadas nos tribunais agora podem ser vistas e discutidas pela sociedade que antes ficava à margem dessas informações.
Assim, de repente, estamos aqui discutindo até onde um profissional deve ir para proteger aquele que contrata os seus serviços.
Sabemos que a dignidade da pessoa humana, tida como um direito fundamental, deve ser sob qualquer hipótese colocada como prioridade em todas as nossas escolhas, inclusive no caminho de busca de defesa para o outro.
Palavras, gestos, comportamentos, decisões devem ser tomados sempre levando como princípio o respeito. n