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Antonio Jorge Pereira Júnior: Fundamentalismo político e partidário
Opinião

Antonio Jorge Pereira Júnior: Fundamentalismo político e partidário

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Em tempos de polarização, alastra-se uma doença perigosíssima: o fundamentalismo político ou ideológico, muitas vezes com viés partidário.

Os infectados buscam contaminar outros. A doença corrói o bom senso, o civismo e o respeito devido a quem pensa diversamente. O doente pode exaltar líderes desonestos e teorias burlescas e criar avatares para perseguir e sentir-se herói.

Quando identifica pessoas como adversários, usa de violência psicológica, moral e física contra tais. E tudo isso lhe parece razoável.

A doença provoca incoerência grave em tantos que se supõem defensores da dignidade humana, do pluralismo e da liberdade de opinião, mas tentam cancelar e arruinar os que se opõem à sua ideia.

Para o fundamentalista, a manifestação contrária à sua posição é discurso de ódio, enquanto somente ele praticaria, com exclusividade autoritária, a liberdade de expressão. Ao tempo em que destila ódio, julga-se vítima.

Em várias situações deturpa conceitos e chama de antidemocrático quem não se submete a seu parecer.

Outro sintoma do fundamentalista é o esforço por blindar ou apagar de sua memória e dos demais qualquer indício ou evidência que possa revelar erro ou desvio de conduta de seus aliados ideologicamente.

Por exemplo, a frase infeliz do presidente argentino sobre brasileiros não foi execrada por fundamentalistas identificados com sua bandeira.

Imagine fosse Trump quem houvesse dito... Aliás, hoje Biden se revela pior que ele em política migratória: onde estão os que vociferavam contra Trump nessa matéria?

O fundamentalista antepõe o interesse do ídolo e do seu grupo ao bem comum.

Tal qual psicopata, ele não tem compromisso com a ética, senão com sua obsessão. Assim, para ele vale tudo para chegar ou manter sua turma no poder, e mais ainda para voltar a ele.

A vacina e o remédio contra essa doença passa por alguns cuidados: considerar que se pode estar em erro e ser manipulado; desconfiar de propostas binárias e totalitárias sobre coisas complexas; esforçar-se por ouvir e respeitar quem pensa diferente de si; cultivar uma vida religiosa autêntica, para não ser induzido a inventar falsos ídolos ou canonizar corruptos. n

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Antonio Jorge Pereira Júnior

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