A Década do Oceano, celebrada durante esta semana por ocasião do dia mundial de proteção dos manguezais, tem uma profunda relação com o presente e o futuro do Ceará.
A jangada e o farol do Mucuripe ostentados na bandeira do estado norteiam a visão de uma terra com uma posição atlântica privilegiada.
O hub de cabos submarinos que, a partir de Fortaleza, conecta a América do Sul a vários pontos no planeta é, por assim dizer, a materialização intuitiva dessa vantagem locacional.
Mas essa posição geográfica que aproxima esta porção sul-americana ao restante do mundo, especialmente da África, associada aos 573 km de costa, carregam desafios no contexto da emergência climática global atual.
Precisamos engajar nossos cientistas, gestores, políticos e sociedade a protegerem os nossos verdes mares bravios.
O oceano é o maior bioma do planeta, responsável por proporcionar segurança alimentar e regulação climática, entre outros serviços essenciais para a humanidade.
A economia do mar é expressiva, alimenta e fornece condições de vida para mais de 3 bilhões de pessoas, assegura mais de 30 milhões de empregos diretos e gera uma riqueza equivalente a US$ 3 trilhões ao ano.
Dentre os 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, um está diretamente associado ao oceano: é vital preservar a vida na água - ODS14.
Por estes motivos é preciso salvaguardar um oceano limpo, seguro, saudável, explorado de forma sustentável, previsível, transparente e conhecido.
No contexto cearense, os esforços capitaneados pelo secretário Artur Bruno em torno do Zoneamento Ecológico-Econômico da Zona Costeira (ZEEC) do Ceará, do Projeto Orla, e do Planejamento Costeiro e Marinho do Ceará (PCM) precisam avançar e ser fortalecidos.
São ferramentas indispensáveis para preservação dos nossos recursos naturais, enfrentamento dos efeitos da mudança do clima, na mesma medida em que viabiliza o desenvolvimento sustentável de uma economia importante e que impacta uma parcela relevante dos cearenses, englobando a pesca, transportes, comunicações, turismo e esportes e tem grande repercussão nos projetos de geração de energia renovável no estado, como o hidrogênio verde.
Mas, embora cada vez mais pessoas estejam cientes de temas ligados à produção e consumo sustentáveis, a má gestão dos resíduos sólidos em áreas urbanas é uma das maiores ameaças.
Por aqui, conforme estudo da Ocean Clean Up divulgado recentemente, os rios Ceará e Cocó transportam boa parte do lixo que jogamos nas ruas, estando entre os 1% dos rios do mundo que são responsáveis por quase 80% do plástico introduzido nos oceanos.
A gestão de resíduos sólidos é um direito de todos e obrigação do Estado. Mas garantir a correta destinação do nosso lixo é também dever de cada um de nós.
É a melhor forma do Ceará cuidar do oceano, afinal, conforme uma campanha que iniciamos no Hub Cumbuco este ano, o mar começa na nossa rua. n