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Leônidas Cristino: União em prol da carnaúba
Opinião

Leônidas Cristino: União em prol da carnaúba

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No período de estiagem no Nordeste, cerca de 300 mil pequenos agricultores obtém o sustento no extrativismo da palha da carnaúba. É a única fonte de renda do trabalho agrícola na região, quando outras atividades são interrompidas.

Os estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Maranhão, que são os maiores produtores, já tiveram na cultura uma das principais fontes da pauta de exportação. Mas a produção tem caído.

O quadro de pandemia reveste de importância esta atividade extrativista, pela capacidade de gerar benefícios sociais e econômicos. Revitalizar esta cultura agora é necessário para a sustentabilidade da alternativa de renda no campo. Em alguns municípios, esta é a principal atividade agrícola.

Nos últimos anos, uma série de problemas afeta a cultura da carnaúba, entre eles a propagação de uma planta invasora, uma trepadeira que mata a palmeira.

Notei a urgência desta preocupação ao participar de audiência pública na Câmara Municipal de Sobral sobre o tema Preservação e Fomento da Carnaúba. O evento foi proposto pela Câmara de Miraíma, onde a extração da palha de carnaúba gera R$ 1,5 milhão por ano, mais que a pecuária.

O estabelecimento de uma agenda comum para trabalhar na cadeia produtiva da carnaúba exige a união de esforços do poder público, federal, estadual e municipal. A pauta requer enfoque sistêmico, de modo a abranger o plantio, manejo, tecnologia da extração, indústria, pesquisa, financiamento, comercialização de derivados e outros itens. Com este o objetivo, propus a criação de uma Frente Parlamentar da Cadeia Produtiva da Carnaúba.

Todo o ciclo da cultura da carnaúba é ambientalmente equilibrado. Os subprodutos são aproveitados para adubo, ração, o rico artesanato da palha e até medicamento, objeto de pesquisa na Universidade Estadual do Ceará.

O pó da palha de carnaúba é ingrediente de produtos da indústria cosmética, alimentícia, componentes automotivos, tintas, impermeabilizantes e outros itens. A ciência consegue sintetizar muitas moléculas, mas até agora não tem substituto para os produtos derivados da carnaúba, que vêm da química fina da natureza. n

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Leônidas Cristino

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