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Rui Martinho Rodrigues: Emancipação e civilização
Opinião

Rui Martinho Rodrigues: Emancipação e civilização

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A emancipação continua presente no pensamento político. É palavra polissêmica. Emancipação pode ser aquisição de prerrogativas da maioridade por filho menor. A conquista da soberania por parte de povos colonizados também é referida como emancipação.

A literatura sociológica usa emancipação referindo-se a conquista, por uma coletividade, como classe ou grupo identitário que se liberta da opressão de outro grupo. O léxico político alude ao sentido sociológico, sem embargo da imprecisão do que seja opressão e do significado e alcance da influência dos grupos identitários.

Emancipação, neste último conceito, enseja controvérsias sobre a negação de uma forma de dominação levar a outra modalidade de opressão, que pode ser ainda mais tirânica.

Civilização pode ser concebida do ponto de vista etnocêntrico, com valores havidos como superiores e como índice de civilidade.

O relativismo cultural historicista, não reconhece etnocentrismo com os seus valores como indicadores de refinamento civilizatório. Mas as civilizações têm alguma hierarquia de valores e controle social.

A organização social é tida como fundada em normas e a normatividade social, por sua vez, alicerçada em valores, nos termos da Sociologia de David Èmile Durkheim (1858 - 1917). Poderíamos dizer, "ubi societas, ibi jus". Então emancipação é um logro. Sociedades que relativizam radicalmente seus valores fenecem.

Oswald A. G. Spengler (1880 - 1936), ressaltou o potencial de autodestruição das civilizações, ao analisar os ciclos de vida das mesmas, na obra "A decadência do ocidente".

O relativismo exacerbado, como o dos sofistas, coincidiu com o declínio da civilização grega e, depois, com o de romana ("coindentismo"?). Emancipação exige sujeito consciente. Mas, se o inconsciente nos governa com suas pulsões (eros e thanatos), não há convivência civilizada sem norma heterônoma. Sigmund S. Freud (1856 - 1939), na obra "O mal-estar na civilização", ressalta o conflito entre as limitações necessárias ao convívio social e as pulsões inconscientes. n

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Rui Martinho Rodrigues

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