Logo O POVO+
Emmanuel Furtado: O pulmão do planeta
Opinião

Emmanuel Furtado: O pulmão do planeta

Edição Impressa
Tipo Notícia Por

A experiência de estar na Amazônia é ímpar. Saber que no seu país existe uma das mais exuberantes florestas da terra é motivo de regozijo.

A variedade de espécies vegetais e animais, seja no solo, seja nos rios Negro e Solimões, é incalculável, considerando-se que muito ainda resta a ser pesquisado, a bem do conhecimento e da preservação do entorno de toda a floresta que se queda no território brasileiro.

Não se esquecer que a Amazônia recebe ventos que vêm do deserto do Saara, corroborando com sua desenvoltura, por meio de variados mecanismos físicos, químicos e biológicos, que intervêm na higidez de toda sua geografia.

Por decorrência lógica, a preservação de referido ecossistema interfere nas condições climáticas e de sobrevivência da flora e fauna, riquezas imensuráveis do Brasil.

Seria por demais prazeroso celebrar o Dia da Amazônia, que transcorre neste mês. O sentimento de brasilidade, que ainda moribundo nos acompanha, deveria estar repleto de positividade.

Contudo, o quadro que se nos apresenta é desolador. Saber que a cada minuto cai por terra uma quantidade aviltante de árvores seculares, derrubadas sem qualquer escrúpulo pelo estrangeiro e por nacionais, é de fato revoltante.

E ainda há uma dupla exploração numa mesma árvore, pois que parte mais nobre fica com um explorador, mas aves de rapina também se lançam sobre outra parte mais singela da mesma planta, sem nada sobejar.

Os indígenas e ribeirinhos são cada vez mais acossados pelos exploradores, que empatia nenhuma têm por tais comunidades pioneiras, nem pelo solo sagrado, onde cada vez mais queimadas são realizadas, desnudando em progressão geométrica o verde, que nesse ritmo não fará mais sentido compor a bandeira brasileira.

A Amazônia pede socorro, e somente uma política arrojada e efetivamente voltada à preservação da floresta (que inexiste no momento) será capaz de salvar o que dela resta, sob pena de não só as gerações futuras, mas já a presente vir a colher resultados catastróficos que destruirão o meio ambiente e a possibilidade de sobrevivência não só no país, mas no planeta.

Foto do Articulista

Emmanuel Furtado

Articulista
O que você achou desse conteúdo?