Platão descreve, no segundo livro d'A República, um importante diálogo entre Sócrates e Glauco a respeito do famoso mito do "anel de Giges". Conforme reza a lenda, certo dia, Giges, um modesto pastor, assistiu à abertura de uma enorme fenda, derivada das fortes chuvas que castigavam o solo onde o seu rebanho pastava.
Imbuído de assombro e curiosidade, Giges decidiu investigar a fenda e desceu em direção ao fundo do abismo. Lá chegando, descobriu que havia um cavalo de bronze oco, repleto de pequenas frestas.
Olhando atentamente para o interior do cavalo, notou que havia dentro dele um cadáver de um homem e que, em um dos dedos de sua mão, havia um anel de ouro. Giges então apoderou-se do anel, o colocou em seu dedo e despediu-se da fenda.
Conforme aponta a lenda, Giges descobriu, durante a tradicional assembleia de pastores que participava, que o anel era dotado de uma curiosa magia.
Quando virava o engaste do anel - parte em que se fixa a pedra preciosa - para o interior da mão, ele ficava invisível às outras pessoas.
Assim, tendo percebido que a joia roubada o conferia poderoso artifício, Giges fez uso de tal privilégio para seduzir e conspirar com a rainha a morte do rei, matando-o em seguida e assumindo em seu lugar todo o poder.
A mitologia descrita me faz lembrar do presidente brasileiro que, ao virar o engaste do anel, conspira contra o povo brasileiro, seduz e comete toda a sorte de crimes do quais permanece impune, como se o mítico Messias invisível estivesse.
Em seu fantasioso discurso proferido durante à 76ª Assembleia Geral das Nações Unidas, Bolsonaro apresentou ao mundo um Brasil que só ele enxerga. Disse o Messias ter salvo o Brasil do colapso socialista que se avizinhava, argumento esse falacioso, porém bastante utilizado para dar sustento as estruturas opressivas de poder que ele claramente defende.
Bolsonaro mentiu e distorceu dados relativos à economia, ao BNDES, ao meio ambiente e às nossas fontes de energia. Atacou veículos de comunicação, Governadores, Prefeitos e criticou medidas de isolamento social.
Na contramão do mundo, defendeu o tratamento precoce, discussão já superada e comprovadamente inexistente em relação à Covid-19.
Os crimes de Bolsonaro não podem permanecer invisíveis às instituições brasileiras. O Messias está nu, retirem o anel de Giges de sua mão. n