Quase um ano e meio após a suspensão das aulas presenciais na rede pública, sociedade e governos precisam enfrentar urgentemente uma das mais graves consequências sociais da pandemia: seu impacto na educação de uma geração de milhões de crianças e adolescentes.
Estudos da Unesco e do Banco Mundial apontam uma situação preocupante no Brasil: três em cada 10 crianças podem não aprender a ler até os 10 anos, e a evasão escolar afetou mais os jovens negros, pobres e os que já tinham dificuldade de aprendizado. Em alguns locais, essa aprendizagem pode retroceder aos anos 60. No Ceará, estudos da Secretaria da Educação apontam tendências preocupantes.
Por isso, o Pacto pela Aprendizagem, proposto pelo governador Camilo Santana (PT) e aprovado em lei pela Assembleia Legislativa, é decisivo para seguirmos combatendo desigualdades. Nosso Estado, que já tem mais de 70% das melhores escolas de Ensino Fundamental do País, e quase 60% das de Ensino Médio funcionando em tempo integral, mais uma vez, sai na frente.
Como educador e deputado estadual, fui o relator dessa lei, que permitirá transferirmos R$ 130 milhões aos municípios, para ações voltadas ao enfrentamento desses desafios. Isso inclui a aquisição de equipamentos de tecnologia da informação que, através de emenda de minha autoria, poderão beneficiar alunos e professores, a depender do plano de ação dos municípios.
Para além disso, precisamos assegurar a vacinação de todos os trabalhadores da educação, garantir condições sanitárias seguras nas escolas, preparar o ambiente para o acolhimento de alunos, professores e pais, em meio ao trauma social da pandemia, e desenvolver estratégias didáticas que permitam ir além da reposição de conteúdo.
Como ensinou Paulo Freire, educação é processo e não uma linha de produção. A tarefa dos educadores desta geração é conferir sentido à experiência vivida de tal forma que possamos transmutar a dor em impulso civilizatório, em direção a um mundo mais sustentável, igualitário e solidário, sem as graves distorções evidenciadas na pandemia.
Trabalhemos juntos! O Ceará tem que seguir avançando.