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Marcelo Soares: COP 26: a hora da virada
Opinião

Marcelo Soares: COP 26: a hora da virada

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Marcelo Soares
Professor da UFC e cientista-chefe de Meio Ambiente do Ceará (Funcap/Sema)
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Marcelo Soares Professor da UFC e cientista-chefe de Meio Ambiente do Ceará (Funcap/Sema)

Feliz por você ter buscado esse texto. Talvez você pense: por que a COP 26 está em conversas sobre economia e eleições? E por que é a "hora da virada"? Lembra o nosso amor pelo futebol? Quando a derrota parece certa, mas conseguimos mudar o jogo! A COP 26, 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que acontece esse ano na Escócia, é isso! Mais de 100 países reunidos para reduzir a emissão de carbono e combater a emergência na qual vivemos.

Tudo começou com a Eco-92, na cidade maravilhosa, porém, a COP 1 só se deu em 1995, na Alemanha. Mas...houve avanços? Sim, progredimos em pautas para a sustentabilidade. Elas foram suficientes? Infelizmente não! A verdade é que estamos nos 45min do 2º tempo, perdendo e o juiz já olha para o relógio.

A prova é que os efeitos mais intensos e frequentes já começaram. Secas, enchentes, incêndios, furacões, ondas de calor, extinção em massa e recordes de temperatura. A tendência é que esses impactos aumentem e surjam crises de água e energia, redução da produção no campo e na pesca, inflação, desertificação, queda de natalidade, fome, perda de infraestrutura urbana e industrial, aumento da desigualdade social e novas pandemias. Dados mostram que ao menos 1 bilhão de pessoas devem ser afetadas pelo avanço do mar e que perderemos 50% das praias do planeta em 80 anos, se nada for feito.

A boa nova é que com a COP oportunidades como os U$S 100 bi/ano para países em desenvolvimento e negócios como o hidrogênio verde nascerão, o que deve representar uma virada social, econômica e ecológica. Contudo, é urgente que paremos o retrocesso e a descrença na Ciência.

É necessário fortalecermos o combate ao desmatamento, as queimadas e evitarmos a degradação do oceano. No caso do Ceará, podemos citar como exemplo de política integrada aos objetivos da COP, a ampliação das unidades de conservação, de 22 em 2018 para 41 em 2022, sendo elas importantes locais de absorção de carbono. É indispensável ainda que setores que emitem carbono inovem, podendo o Ceará se tornar líder e um hub de Economia Azul e Verde. É hora de encarar a gravidade do momento, ver a torcida gritando por gol e o potencial que só entendemos que temos quando precisamos de uma virada! 

 

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