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Antonio Jorge Pereira: Modos de dizer ou esconder a verdade
Opinião

Antonio Jorge Pereira: Modos de dizer ou esconder a verdade

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Criar mundos imaginários ou paralelos é uma constante do ser humano. Cada pessoa tem uma versão dos acontecimentos que julga fidedigna, se estiver imbuída de honestidade, ou pelo menos persuasiva, se for outra sua intenção. A política é um âmbito especial para versões temperadas com intenções diversas da fidelidade ao real.

Assim, caso seja favorável a um adversário, aquilo que poderia ser uma boa notícia será apresentado de forma que pareça ruim, senão péssimo. Por exemplo, alguns veículos noticiaram, finalmente, que a elevação recorde da inflação não é fenômeno exclusivo do Brasil, mas de todo o mundo, assim como o aumento do preço do combustível pós-pandemia.

Contudo, para não aliviar a crítica que se fazia ao atual Governo Federal, querendo imputar a ele, e só a ele, a responsabilidade pelos dois fatos, logo acrescentaram que a inflação do Brasil tem a pior taxa entre os emergentes e que chega aos dois dígitos. Veja que "dois dígitos" pode significar de 10% a 99%. É a mesma coisa? No nosso caso, estamos perto dos 10%. Um pouco menos e seria um dígito apenas. A que serve esse dado?

Postos a comparar, seria mais honesto dizer o percentual de variação proporcional, antes e depois do mesmo período na pandemia. Nesse contexto, a inflação da Alemanha e dos EUA triplicaram num período em que a do Brasil pouco mais que dobrou. Muda a leitura, não?

Com relação à PEC dos Precatórios, por exemplo, é curioso que se chame de "calote" - não pagamento - o que, tecnicamente, é parcelamento. De acordo com a pretensão de quem narra, forja-se uma versão que induz a uma fake news.

No que se refere ao Auxílio Brasil, vale notar que os mesmos que antes pressionaram o Governo para liberar verbas aos mais necessitados, agora se colocam contra tal ajuda. Razão: o receio de que essa política, em 2022, possa favorecer a reeleição de JB. As necessidades do povo, portanto, para tais cidadãos, são secundárias.

Esses e outros expedientes demonstram que não é o apreço pela verdade o que move certos veículos e narradores, senão a intenção de depreciar e prejudicar quem se tem como adversário político. n

 

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Antonio Jorge Pereira

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