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Beatriz Azevedo: Não queremos ver o Cocó em chamas
Opinião

Beatriz Azevedo: Não queremos ver o Cocó em chamas

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Na quarta-feira passada, a cidade de Fortaleza foi surpreendida pelo maior incêndio já registrado no Parque do Cocó. Eu estava indo do aeroporto para minha casa quando deparei com a fumaça. A espessura era tal que era arriscado bater o carro, porque não dava para enxergar a pista. Foram 46 campos de futebol de floresta queimada.

Fortaleza já é a capital do Nordeste com a menor área verde, segundo dados do Mapbiomas, tendo apenas 10% do território coberto por florestas. Temos que proteger o verde que nos resta. O fogo no Cocó se alastrou a partir de 12 focos de incêndio coordenados para causar o maior dano possível. Ações criminosas de queimadas dentro de parques são comuns, porém não nessa dimensão, o que chamou atenção. O assunto dominou a mídia e as redes sociais.

O governo mobilizou Corpo de Bombeiros e a brigada da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Previna), que juntamente com voluntários da Brigada da Árvore totalizaram 70 pessoas lutando arduamente por 22 horas até controlar o fogo. Além disso, a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente está agora investigando o caso.

Dessa vez, a resposta governamental foi contundente, tamanha a gravidade do ocorrido. Entretanto, não é sempre que incêndios em unidades de conservação são tratados com essa seriedade. Trabalho há oito anos com o Instituto Verdeluz na luta pela preservação de áreas como Cocó e Sabiaguaba. Nesse tempo, acompanhei várias denúncias de queimadas que foram tratadas com descaso. A falta de políticas públicas consistentes de prevenção e combate a incêndios florestais faz com que essa prática se torne quase socialmente aceita.

Para mudar essa situação, precisamos de fiscalização ambiental efetiva na cidade, de mais investimento para as brigadas de incêndio, e de um efetivo maior para o Corpo de Bombeiros. Necessitamos ainda que os planos de manejo das unidades de conservação sejam executados, e que a população seja engajada em uma política pública de educação ambiental abrangente e duradoura. Só assim garantiremos uma cidade com meio ambiente equilibrado e saudável para todos os fortalezenses. n

 

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Beatriz Azevedo

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