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"Peste gay": reflexões sobre HIV/aids
Opinião

"Peste gay": reflexões sobre HIV/aids

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Augusto Torres (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Augusto Torres

Em 25 de junho de 1984, morreu, em decorrência da aids, Michel Foucault. Um intelectual francês, que nos legou suas análises sobre os sistemas de pensamento na Idade Média para Modernidade. Outra ordem discursiva se fazia dizer e ver na produção social dos corpos-máquinas no conjunto de forças do sistema produtivo em anunciação, "o capitalismo fabril", que depois se estendeu no modelo de produção econômica especializada - industrialização - e aplicando a mecânica de investimento nos corpos individuais e nos corpos sociais.

Uma relação simbiótica e micropolítica como desenhos de produção social que teve sua elevada assunção no século XVIII até a metade do século XX. Contudo, em 1981, os primeiros homens de vidas ditas infames são capturados pelo vírus da peste gay. As nações que representavam o grande centro da industrialização "viraram as costas" para esses sujeitos que lutavam por vida "menos fascista" ou mesmo por uma vida não fascista.

No entanto, o levante contra a "peste gay" se fizera no Brasil e no mundo com a forte mobilização de movimentos sociais/populares e ONGs, que deslocaram suas pautas de lutas focadas na emancipação homoafetiva e contra a homofobia, para a defesa da vida. Aqui, registra-se uma virada ético-política entre os discursos das ciências iluministas dos séculos XIX e XX ao anunciar a vida traduzida nos corpos humanos e nos corpos sociais - "não mais eram viáveis deixá-los morrerem". Todavia, essa máxima não se aplicou àqueles(as) que constituíram suas vidas "infames". Essa mesma prática discursiva pode ser "visibilizada" no contemporâneo pandêmico, em que 5.174.646 pessoas morreram de covid-19 entre 2020 e 2021 no mundo, em sua maioria pessoas de vidas precárias.

Destarte, afirmamos que a epidemia não acabou, mas contamos com o acesso ao SUS com testagem sorológica, profilaxia e tratamento para pessoas com HIV e aids, entre outros dispositivos que tornaram a aids tratável, porém não curável, e que a luta contra homofobias, lesbofobias, transfobias, entre outras violências, é imperativa diante das vulneráveis ao HIV/aids. n

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