Logo O POVO+
Quixeramobim - Canudos: Uma viagem necessária
Opinião

Quixeramobim - Canudos: Uma viagem necessária

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Pedro Igor Azevedo (Foto: Beto Skeff/ Divulgação)
Foto: Beto Skeff/ Divulgação Pedro Igor Azevedo

O escritor Ariano Suassuna dizia que "Quem não conhece Canudos não conhece o Brasil". A partir dessa percepção, todos nós deveríamos visitar o local onde o cearense Antônio Conselheiro, em 1893, fundou o povoado do Belo Monte, às margens do rio Vaza-Barris, gerando incômodo da Igreja e do governo.

A cidade, refundada em 1985, está atualmente edificada nas proximidades de onde foi o arraial e ocorreu a guerra, após tentativas de apagamento histórico, e tem em torno de 16 mil habitantes, pessoas muito hospitaleiras e envolvidas com a história do conflito.

Visitar o Parque Estadual é sempre o ponto principal da viagem a Canudos. É sentir a energia da resistência conselheirista e a força natural da caatinga, que impressiona até mesmo quem é do sertão cearense. Lá, somos atravessados pela constatação que estamos no local do maior massacre da população humilde do nordeste brasileiro, que ousou viver em comunidade, distante da exploração dos coronéis e do descaso da recente república.

A sugestão é que o ponto de partida dessa necessária viagem seja o município de Quixeramobim, terra-mãe de Antônio Conselheiro. A relação de irmandade entre as duas cidades, estabelecida em 1997, durante o centenário do fim da guerra, vem sendo fortalecida, a partir do intercâmbio anual de professores e grupos culturais.

É importante que tal elo seja reforçado, ainda mais, com a participação direta do poder público. No Ceará, a boa notícia é que a casa onde nasceu o beato Conselheiro ganhará, em breve, programação cultural permanente, como um novo equipamento da Secretaria da Cultura do Estado.

Após a conclusão do restauro, feito pelo Governo Estadual, será um espaço de resistência artística, com exposições, apresentações e palestras, sendo também local de pesquisas e estudos.

Ações como essa ajudam a organizar o revide social e a fortalecer a relação entre as cidades. Inspirados na bravura sertaneja do povo do Belo Monte, lembremos que Canudos não se rendeu. Segue necessariamente viva!. n

O que você achou desse conteúdo?