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Gabriella Bezerra: Os candidatos e seus partidos
Opinião

Gabriella Bezerra: Os candidatos e seus partidos

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Gabriella Bezerra, professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e pesquisadora do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC) (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Gabriella Bezerra, professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e pesquisadora do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC)

Os partidos políticos são elementos essenciais da democracia, mas passam por ondas intensas de descrédito. No Brasil, pesa para essa avaliação a quantidade de siglas e o chamado troca-troca partidário, levando a pecha de siglas de aluguel, que serviriam apenas como meio de beneficiamento e viabilidade na disputa.

Na Ciência Política, muito se debate sobre a quantidade de agremiações em uma democracia, especialmente, seu impacto no oferecimento de opções claras para o eleitorado. Desse modo, certa estabilidade seria esperada para gerar essa retroalimentação e identificação entre siglas, candidatos e eleitores.

Na eleição presidencial de 2018, o sistema partidário brasileiro foi chacoalhado pela crise política e por um sentimento de descontentamento generalizado. Como consequência, os partidos já estabilizados sofreram perdas e siglas novas e menores conseguiram vitórias significativas.

Analisando os candidatos mais significativos para 2022, Jair Bolsonaro sempre foi avesso a essa expectativa da competição, trocou de siglas diversas vezes e mais uma vez, não repete o mesmo vínculo de 2018. Sérgio Moro é um ex-juiz, estreando na disputa política em 2022.

O provável candidato circulou por partidos políticos em busca de espaço para sua candidatura. Ou seja, não existe, assim como Bolsonaro, uma histórico de identificação. Ciro Gomes também já circulou por algumas siglas. Mantém uma certa estabilidade nos últimos anos na sua filiação ao PDT, mas adota ainda um perfil independente. João Dória estreou recentemente na disputa, mas já busca sua vinculação ao PSDB, buscando inclusive a reforma do partido em direção a princípios que lhe orientam. A única figura fortemente partidária na disputa é Lula da Silva.

Apesar da força individual, Lula tem nos últimos meses insistido na vida partidária, valorizando a importância da sigla na viabilidade dos governos e na disputa democrática a longo prazo. Sua trajetória política é totalmente coincidente com a do Partido dos Trabalhadores: Lula e PT caminham juntos. n

 

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