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Ana Vládia Feitosa: Ofício feminino sobre a Advocacia
Opinião

Ana Vládia Feitosa: Ofício feminino sobre a Advocacia

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Claudua Feitosa, advogado e vice-presidente da OAB-CE (Foto: DIVULGAÇÃO)
Foto: DIVULGAÇÃO Claudua Feitosa, advogado e vice-presidente da OAB-CE

Como nos lembra a advogada Elza Galdino, em artigo escrito ao IASC, a Constituição da República consagra o advogado – assim, no masculino – como "indispensável à administração da justiça". É a regra gramatical: o masculino fazendo as vezes de comum de dois. O ofício, entretanto, este é feminino: a advocacia!

E esta advocacia já se feminilizou. São mais de 586 mil mulheres para um pouco mais 596 mil homens, quantitativo que será superado rapidamente nos próximos anos, levando-se em consideração a projeção nos exames de ordem e nas faculdades, onde se constata a superioridade em número de mulheres.

Justamente em razão desse cenário e da necessidade de que nossa Instituição tivesse uma efetiva representatividade em seus espaços de liderança é que avançamos com a conquista da cota de gênero, garantindo a paridade já nessas eleições em todo Brasil. Tivemos 5 mulheres eleitas, mas ainda temos muito que evoluir.

É inegável constatar que, no caminhar da história, houve avanços no reconhecimento pelos direitos das mulheres. Mas não sem muita luta, por meio do protagonismo feminino, pela mudança de nossos papeis sociais, formatados por uma ideologia patriarcal. Mesmo que tardiamente, a Constituição Federal de 1988 consagrou a igualdade entre homens e mulheres. Igualdade, entretanto, formal, que sozinha conduz à sua própria ineficácia.

Por isso mesmo, continua sendo necessário discutirmos problemáticas afeitas à realidade da mulher, que permanecem na invisibilidade, ensejando a falsa concepção de que o tempo se encarrega de resolvê-las, prescindindo de interferências sociais, legais e institucionais para sua melhoria.

Em tempos de retrocesso das políticas públicas nacionais voltadas para a mulher, é fundamental que se assimile que a igualdade de gênero é a base para todas as demais igualdades, sendo inclusive um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável traçados pela ONU na Agenda 2030.

Nesse cenário, a OAB ficará vigilante e combatente a quaisquer violações que se avizinhem à igualdade de gênero, colocando-se no papel de agente transformadora pela valorização da advocacia feminina, pela inclusão de mais mulheres na instituição ocupando cargos de liderança e de defensora das prerrogativas das advogadas.

Trata-se de um propósito que deve envolver e nortear igualmente toda a classe, advogadas e advogados; a população, mulheres, meninas e meninos e os homens também, assim como os poderes do Estado, na busca pela LIBERDADE, IGUALDADE E SORORIDADE femininas. n

 

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