No Brasil, infelizmente, a violência obstétrica é uma realidade ainda muito presente. No momento que deveria ser um dos mais felizes da vida da mulher, ela se depara com situações em que muitas vezes não consegue nem mesmo se defender.
Atitudes como a recusa de atendimento, intervenções e procedimentos não necessários e não embasados em evidências científicas, como episiotomia de rotina (o corte na região perineal), manobra de kristeller (pressão na parte superior do útero), comunicação ineficiente da equipe de saúde com a paciente, perda de autonomia e até mesmo agressões verbais e maus tratos.
O significado de violência obstétrica pode ter um entendimento amplo e difícil de definição, é descrito por muitos autores como "todos os atos de violência física, psicológica, sexual e negligência, perpetrada pela equipe de saúde contra a mulher e seu recém-nascido, em virtude da gestação, parto e nascimento, incluindo puerpério e situação de abortamento".
Os dados no Brasil são assustadores, segundo a Fundação Perseu Abramo divulgada no site da Organização Não Governamental (ONG) Artemis, 1 em cada 4 mulheres sofre algum tipo de violência obstétrica, e muitas vezes essas mulheres nem mesmo conseguem identificar que estão passando por esse tipo de violência.
As equipes de saúde que prestam assistência obstétrica tem papel fundamental para modificar essa realidade. A humanização da gestação e parto tem sido um tema que vêm crescendo no debate entre esses profissionais e tem seu pilar em 3 pontos fundamentais, condutas baseadas em evidências cientificas, atuação de equipe multidisciplinar e autonomia da mulher.
A modificação das condutas violentas está necessariamente ligada ao ato de humanizar o processo de assistência à saúde da mulher. Uma formação desde a graduação até o momento de prática profissional dessas equipes é fundamental para identificar a paciente não somente como mais uma mulher que está parindo, e sim como uma mulher com necessidades, fragilidades, desejos e opinião própria que deve ser respeitada e acolhida nessa ocasião da sua vida.
O protagonismo no ato de nascimento não está no profissional de saúde e sim na mãe que está vivendo esse momento. n