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Ricardo Coimbra: A economia em 2022, o que se espera?
Opinião

Ricardo Coimbra: A economia em 2022, o que se espera?

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Após um ano de retomada forte, em decorrência da reabertura das economias, e grandes estímulos, como taxas de juros baixas e liquidez abundante, havia uma perspectiva positiva de crescimento econômico não só nas grandes economias, e também no Brasil.

Todavia, os dados recentes de retração no segundo e terceiro trimestres de 2021 indicam que a economia brasileira passa por uma recessão técnica, gerando um crescimento próximo de 4,5%, abaixo do esperado anteriormente. Esta perda de fôlego pode estar vinculada com a piora da renda disponível atrelada à aceleração do processo inflacionário.

Diante desse cenário, o Banco Central elevou de forma significativa a taxa de juros ao longo de 2021 e deverá continuar no primeiro trimestre de 2022, podendo chegar até um patamar de 12%. Devendo apenas convergir para reduções a medida que observar tendência de atingimento da meta inflacionária para 2023.

Outro aspecto que merece bastante atenção é a situação fiscal, que já se observa sinais positivos de curto prazo, entretanto não teve melhora estrutural das contas públicas e esse assunto deverá voltar ao centro do debate no próximo ano.

Para tanto, estima-se uma elevação do déficit primário na ordem de 0,5% em 2021 e mais de 1,2% em 2022, e com tendência de aumento do endividamento público, podendo atingir 88% do Pib.

Em relação ao câmbio, o cenário pode levar a um maior enfraquecimento das moedas emergentes, com tendência de menor crescimento no cenário global em 2022 e em paralelo ao início da retirada de estímulos monetários nos EUA e a possível alta de juros do Fed.

Ou seja, deve se manter depreciado ao longo do ano, e mesmo com o direcionamento da alta de juros no Brasil não será suficiente para uma reversão ou diminuição dos fluxos de saída de investimentos, devendo manter a moeda pressionada, ficando em R$/US$5,70.

A continuidade da retomada gradual das atividades econômicas permitirá a geração de empregos levando a recuperação do mercado de trabalho, podendo reduzir a taxa de desemprego a 12,0 %, e impulsionar a massa de salários. Que atrelada a uma desaceleração esperada da inflação e em conjunto com a elevação do benefício social poderá contribuir para o aumento da renda disponível das famílias. Contudo, não suficiente para propiciar um crescimento econômico acima de 0,5% no Pib.

 

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Ricardo Coimbra

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