O Conselho Estadual de Educação (CEE) aprovou o Documento Referencial Curricular do Ensino Médio (DCRC) elaborado pela Secretaria da Educação (Seduc) para ser implementado, em 2022, nas escolas estaduais e dando às escolas da rede privada a prerrogativa de adesão ou de elaboração de seus próprios currículos.
O documento produzido fundamenta-se em importantes avanços que serão viabilizados a partir do envolvimento dos diferentes protagonistas escolares. Debatê-lo é vital para que possa ser entendido, criticado e vivenciado. No debate, alguns pontos são fundamentais. O primeiro é compreender que um currículo é vivo e jamais estará pronto, pois se constrói e reconstrói no fazer docente.
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular, referência para a formulação do DCRC, este currículo rompe com o modelo tradicional de disciplinas e propõe o estudo por áreas do conhecimento, cujos conteúdos serão abordados de forma integrada, articulada e interdisciplinar. Quebra paradigmas históricos e altera a forma de organizar o ensino e a aprendizagem, rompendo com o jeito tradicional de ensinar e aprender.
O foco sai do conteúdo para o desenvolvimento de competências, soma de conhecimentos, habilidades socioemocionais, atitudes e valores. Traz a formação geral e uma parte flexível com Itinerários Formativos, Projeto de Vida, uma segunda língua estrangeira (além do inglês), Componentes Eletivos e Trilhas de Aprofundamento. As Eletivas foram pensadas para tornar a escola espaço de discussão e vivências sobre temas atuais. Há, ainda, a possibilidade de trilhas ligadas à educação profissional técnica.
Caberá à escola comprometer-se com a inserção dos jovens no mundo do trabalho, com a valorização da cultura, o aprimoramento das relações sociais, o cuidado com as questões socioemocionais e a reflexão sobre o exercício político e a cidadania. O que o currículo propõe é uma nova significação na relação ensino e aprendizagem, agora entendida como indissociável.
O caminho mostra-se longo e árduo. Mas, se não o palmilharmos, nada será alterado e aos estudantes será negado o direito de fazer suas escolhas e delinear seus projetos de vida. Essa é a proposta. Viável? Tudo depende de determinação, vontade, responsabilidade e coragem para mudar. É hora de dar vez e voz à comunidade escolar.