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Fábio Castelo Branco: Russia x Ucrânia, as consequências econômicas
Opinião

Fábio Castelo Branco: Russia x Ucrânia, as consequências econômicas

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Se não bastassem os inúmeros e graves problemas causados pela pandemia da Covid-19 onde acarretaram milhões de mortes no mundo e pela intensa crise econômica gerada, o cenário geopolítico vem apresentando fatos lamentáveis e tensões não vistas desde a segunda guerra mundial com a invasão da Rússia a Ucrânia.

Este cenário gera uma maior incerteza no mercado, pois as sanções econômicas severas à Rússia geram a interrupção e/ou redução na produção das commodities, as quais já vem tendo impacto em seus preços, como o petróleo e gás, onde a Europa é uma das principais consumidoras.

Situação que faz com que os agentes econômicos antecipem esse movimento favorecendo a elevação dos preços e assim impactando os preços dos combustíveis e os custos nos fretes dos produtos.

Outra consequência é a maior insegurança gerada para as famílias e empresas, refletindo em um ambiente econômico hostil, com uma maior precaução nos gastos, seja com consumo ou com investimento, trazendo consigo menor atividade econômica, reduzindo o nível de produção e renda, bem como gerando desemprego. 

Esse efeito em cadeia impacta rapidamente a qualidade de vida das famílias, elevando os preços dos itens de primeira necessidade, mas também em toda uma cadeia de proteína animal. Desta forma, os preços dos alimentos contribuirão para o aumento da inflação.

Nas economias emergentes, como o Brasil, o movimento de busca por ativos mais seguros irá se elevar, o que acarreta saída de capitais e/ou diminuição da entrada dos mesmos, acarretando a venda da moeda local, no caso reais, elevando a compra de moeda estrangeira, dólar ou euro, fazendo com que o câmbio local se desvalorize, impactando os custos pelos aumentos dos preços em moeda local dos insumos importados ou pela diminuição da competição em bens finais, levando também a elevação da inflação.

Esses fatos geram pressão na condução da política monetária contracionista, elevando os juros praticados bem como a elevação do depósito compulsório para reduzir a oferta de capital na economia. Quanto à política fiscal, terá um menor espaço e os canais indiretos de transferências serão evitados, impactando diretamente as famílias de baixa renda, reduzindo o PIB por consequência.

 

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Fábio Castelo Branco

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