O desenvolvimento da tecnologia sempre teve íntima relação com a guerra. Durante séculos, os conflitos foram travados em dois ambientes operacionais: terra e mar. No começo do século passado, com a invenção do avião, a guerra ganhou os céus. A metade do século assistiu à militarização do espaço, com o uso de satélites de múltiplos empregos. Por fim, surge o quinto ambiente militar: o ciberespaço.
O uso desse ambiente virtual, etéreo por definição e concreto em utilidades, foi rapidamente direcionado ao emprego bélico. Na verdade, a própria origem internet está intimamente ligada ao interesse militar, tendo sido o Departamento de Defesa dos Estados Unidos um de seus financiadores originais, vendo nela meio para garantir as comunicações no caso de um eventual conflito nuclear.
Antes, as fronteiras físicas eram os marcos que definiam os limites dos países. Já o ambiente virtual não conhece fronteiras, permitindo a realização de atos na velocidade da luz, sem que haja a possibilidade de prevenção. Determinar a autoria e a origem de uma ação cibernética é um desafios para os guerreiros informáticos.
O mais importante desse cenário é que já não é uma obra de ficção ou uma previsão para um futuro distante. As forças armadas mundiais já utilizam tais meios, produzindo o que definimos como guerra híbrida, ou seja, aquela realizada com ações cinéticas (as físicas, materiais) em conjunto com as cibernéticas.
Em 2007, a Estônia foi vítima de um ataque cibernético onde os principais sites do país saíram do ar. Sem poder reagir por meios próprios, o governo estoniano pediu ajuda à Otan. A autoria dos ataques não foi determinada; porém, foi descoberto que o programa agressor foi escrito em idioma cirílico, ou seja, o russo.
Anos depois, a invasão russa na Geórgia foi precedida de ações cibernéticas. A guerra da Ucrânia apresenta forte componente cibernético, tendo o país sofrido ações virtuais que incapacitaram diversos serviços.
A guerra cibernética é uma realidade. Hoje, os "cliques" e linhas de código são tão letais quanto os tiros e granadas.