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Adriana de Oliveira Alcântara: Integradas não, sustentação da sociedade
Opinião

Adriana de Oliveira Alcântara: Integradas não, sustentação da sociedade

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Adriana Oliveira, pesquisadora da UFPI (Foto: DIVULGAÇÃO)
Foto: DIVULGAÇÃO Adriana Oliveira, pesquisadora da UFPI

Mulheres enfrentam violências não só físicas, mas de política de gênero, estupro como arma de guerra... resultantes do machismo, que discrimina, submetendo-as a um lugar inferior. Há vários exemplos para mostrar tal realidade, sobretudo, de políticos, incapazes de representá-las. Para citar apenas uma situação, convém comentar a fala de Bolsonaro, no Dia de Luta das Mulheres: "Mulheres estão praticamente integradas à sociedade"

O capitalismo vislumbra que a mulher está disponível e, muitas vezes, sem reciprocidade. Ela é a cuidadora de todas as pessoas da família e, em contextos de desemprego, inventa "bicos" para "ajudar" os maridos a repor a renda, como no trabalho das faxinas diárias, dentre outros "quebra-galhos". O que falta para serem totalmente integradas?

Ora, conforme afirmam intelectuais feministas, "as mulheres são a sustentação do mundo", garantem a reprodução social (tarefas do viver), sem remuneração nem reconhecimento, visto que a divisão sexual do trabalho estabelece que o homem é o provedor e, a mulher, a cuidadora. Daí a fala do Presidente, acrescentando que "no meu tempo ou a mulher era professora ou dona de casa".

Ao legitimar a pretensa naturalização sobre os espaços público e privado (que é político), Bolsonaro reforça o Estado neoliberal, que reitera o conservadorismo patriarcal, como se a reprodução social fosse uma atribuição exclusiva das mulheres, em vez da sociedade. Qual a saída para uma sociabilidade igualitária? bell hooks, feminista negra, via a resposta num potente feminismo, identificado com o combate da opressão, rumo à mudança coletiva e, não se trata de ser anti-homem.

O problema não é o homem, mas o sexismo: homens e mulheres foram "educados/as" para serem sexistas. Assim, "o feminismo é para todo mundo" – caminho para politizar a raiva, como nos ensina a poeta Audre Lorde e, dialogando com Paulo Freire, urge mover a "raiva justa" em ação. Bolsonaro sabe que mais da metade do eleitorado é composta por mulheres? Estamos conscientes se quem elegemos, representam nossos interesses? Por uma vida emancipada, homens e mulheres, uni-vos!

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