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Érico Veras Marques: A desigualdade e as grandes fortunas
Opinião

Érico Veras Marques: A desigualdade e as grandes fortunas

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Desde as primeiras tribos e ao longo da sua história, o ser humano se organizou e se desenvolveu em sociedades onde havia desigualdade. Privilégios e condições de vida superiores existiam para grupos sociais específicos, como faraós e reis. A escravidão, baseada na superioridade de alguns grupos étnicos, é um exemplo extremo desta desigualdade.

Ao longo dos últimos séculos, a Civilização Ocidental vem tentando construir uma sociedade menos desigual. Mas ao longo das última décadas, e principalmente na pandemia, ficou claro que o modelo vigente segue extremamente desigual, com novos faraós e reis. O relatório da OXFAM demonstrou claramente a desigualdade do modelo.

Ao longo da pandemia, os Super Ricos, os bilionários, ficaram ainda mais bilionários. Suas fortunas saíram de 8,6 trilhões de dólares em março de 2020, para 13,6 trilhões de dólares em 2021, e os 10 mais ricos do mundo viram o seu patrimônio sair de 700 bilhões de dólares para 1,5 trilhões de dólares. Para ter noção de ordem de grandeza, o PIB brasileiro é de aproximadamente 1,6 trilhões de dólares.

Do outro lado, 99% da população mundial empobreceu durante a pandemia. No Brasil, os 20 Bilionários possuem um patrimônio equivalente ao de 60% da população. Enquanto isso, em 2020, 12,6 milhões de brasileiros, mesmo com o auxílio emergencial, viveram abaixo da linha da miséria, ou seja, com menos de 1,90 dólares por dia, e 60 milhões viveram abaixo da linha da pobreza, com menos de 5,5 dólares por dia.

Neste cenário de desigualdade, chama a atenção no Brasil o comportamento da classe média alta brasileira. De acordo com dados da Pnad 2019, essa classe possui renda média mensal superior a 10.313 reais e representa 5% da população. Está muito distante dos Super Ricos, mas identifica-se com eles na discussão sobre a regulamentação da tributação de grandes fortunas.

A constituição é clara na criação do imposto sobre grandes fortunas, nunca regulamentado no Brasil; não se trata de criar novas alíquotas na tabela de Imposto de Renda, atingindo salários ou renda. Essa discussão é importante na questão da desigualdade, e precisa ser clara, para não confundir a população em geral, em particular a classe média. A quem interessa discutir essa questão focando na correção da tabela de imposto de renda? n

 

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Érico Veras Marques

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