Alcançar a equidade de gênero ainda é um desafio para a nossa sociedade. Nós, mulheres, precisamos todos os dias traçar novas rotas e descobrir caminhos que nos libertam da opressão do patriarcado e do machismo estrutural, que tentam nos subjugar dentro e fora de casa.
No trajeto do Ônibus Lilás, unidade móvel da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS) de assistência às mulheres em situação de violência e vulnerabilidade social, percorremos os distritos e localidades mais distantes para levar escuta qualificada às mulheres cearenses.
A atividade é executada pela Secretaria-Executiva de Políticas para Mulheres e somente em 2021, percorreu 33 distritos, ouvindo mais de 800 mulheres. Neste ano, foram 22 municípios e um total de 662 pessoas atendidas. Desde 2019, já foram 90 municípios, 145 distritos e 4.101 mulheres participando das rodas de conversa.
Quando chegamos a uma localidade, colocamos as cadeiras na sombra de uma praça e começamos a ouvir causos de mulheres que não sabem ainda identificar as violências que vivem. Ou não sabem como dar um basta a esses atos violentos. Como em uma conversa de amigas, fazemos uma escuta atenta e precisa, que, acima de tudo, sabe respeitar o momento de cada mulher daquela roda.
Ouvimos muito mais do que falamos. Não pretendemos chegar com verdades e caminhos traçados para que elas sigam. Ao contrário, com uma equipe de psicóloga, assistente social e advogada, queremos apontar direções para que elas tomem conta de seus destinos, de suas histórias e estejam prontas para conquistar sua autonomia, a partir daquele primeiro momento em que conseguem falar e ouvir a própria voz.
É a isso que chamamos de empoderamento. Mostrar a elas que podem assumir o controle de suas histórias e construir outros caminhos. Estamos cientes de que não é uma tarefa fácil, mas não tenho dúvidas que já ajudamos a salvar a vida de muitas mulheres. E como diz o slogan popular, nenhuma a menos.