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O farol da educação pós-pandemia
Opinião

O farol da educação pós-pandemia

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Olavo Nogueira Filho, diretor executivo do Todos Pela Educação (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Olavo Nogueira Filho, diretor executivo do Todos Pela Educação

Dois anos de pandemia deixaram o Brasil com milhares de mortes e pelo menos uma certeza: com um tempo de fechamento das escolas sem precedentes, os efeitos sobre a educação de crianças e jovens são reais, múltiplos e com implicações duradouras.

Dois dados recentes, extraídos de levantamentos do Todos Pela Educação, ilustram dois problemas urgentes: o aumento de 66,3%, entre 2019 e 2021, no número de alunos entre 6 e 7 anos que, segundo seus responsáveis, não sabiam ler e escrever; e o fato de 244 mil crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos estarem fora da escola no segundo trimestre de 2021, um aumento de 171% em comparação a 2019.

Os impactos são profundos, mas não insolúveis. Longe disso. Há tempo, espaço e exemplos suficientes para deflagrarmos uma resposta à altura do quadro que se impôs - sobretudo se entendermos que muitos dos desafios do pós-pandemia são, na verdade, desafios que já existiam (e que foram aprofundados). Um desses exemplos é o Ceará.

A fórmula para essa retomada requer, no curtíssimo prazo, trazer as crianças para a escola, fortalecer o vínculo e impedir o abandono. Ainda no curto prazo, criar estratégias para recomposição do aprendizado, com avaliações diagnósticas e formativas, identificação dos alunos com defasagem e o desenvolvimento de programas para aqueles que mais precisam. Entre outras questões, a tarefa inclui, acima de tudo, apoiar e dar condições adequadas aos professores e gestores escolares para que possam contextualizar as intervenções conforme a realidade de suas escolas. Grande parte desse roteiro não é novidade para o território cearense.

Ocorre que a reação não pode se dar apenas sob a lógica de mitigação dos efeitos imediatos. Uma retomada efetiva depende da reativação de uma agenda de mudanças estruturais na educação. O modelo cearense de colaboração Estado-Municípios é um caminho que deve inspirar o País. A boa notícia é que a partir de 2017 isso, finalmente, começou a acontecer. Hoje já são 13 Estados que entenderam que o significado de inovação não é, necessariamente, criar algo do zero. E estão certos, sobretudo diante do cenário atual. Frente a desafios imensos - porém já conhecidos - nada de reinventar a roda. n

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