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Leila Paiva : O inaceitável saldo da violência policial
Opinião

Leila Paiva : O inaceitável saldo da violência policial

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Vivenciamos em menos de um mês vários episódios que chamaram atenção para a necessidade de procurar soluções pacíficas para a violência. A morte de dois policiais rodoviários federais no Ceará, a chacina na Vila Cruzeiro/RJ e a execução de Genivaldo de Jesus Santos dentro de uma viatura com gás em Umbaúba/SE, infelizmente, não são casos isolados.

De acordo com os dados do Monitor da Violência, mais de 6 mil pessoas foram mortas por policiais civis e militares no Brasil em 2021, 17 mortes, em média, por dia. Fica evidente que os episódios de violência envolvendo estruturas policiais fazem parte do contexto extremamente violento que o país atravessa. Medidas como incentivo à venda e utilização de armas e a ausência de mecanismos institucionais de controle quanto aos padrões do uso da força nas estruturas policiais são determinantes para o aumento dos episódios de violência policial.

É fato que o problema da criminalidade no Brasil é gravíssimo, mas não são soluções que provaram ser ineficazes que produzirão alterações nas tristes marcas de violência e morte que protagonizamos, ao contrário, só deixam a população brasileira e, em especial, a mais vulnerável, no total abandono e medo.

É preciso investir na formação técnica e em valores humanos dos policiais, reconhecer as diferenças e desigualdades sociais e todos os impactos que elas impõem, retomar a garantia de direitos básicos como fundamento de quaisquer políticas públicas, estabelecer o controle democrático da atividade policial e fortalecer a atuação das diversas estruturas institucionais de controle interno e externo.

O tema é amplo e multifacetado, por isso deve ser enfrentado com múltiplas políticas que garantam a vida e a paz para a sociedade e para os policiais. A adoção de práticas violentas, ao final, não foram positivas para ninguém. Quantos policiais adoeceram ou morreram nesse processo de exacerbação das ações violentas das polícias? Quantas crianças perderam seus pais? Quantas mães chorarão por toda a sua vida? Qual foi o impacto para o desenvolvimento social e econômico do país? Estas são as perguntas que devem balizar a imediata alteração na atuação das estruturas de segurança no Brasil, sob pena de nos acostumarmos com a barbárie como modo de vida.

 

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Leila Paiva

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