Governadora Izolda Cela recentemente usou um termo com o qual eu concordo ao se referir à trágica situação da violência no estado. Epidemia. Não precisamos mais ir ao dicionário para buscar as filigranas do seu significado uma vez que, infelizmente, a pandemia veio nos ensinar que em escala regional ou global, moléstias se espalham com velocidade assustadora.
Com muita tristeza também preciso concordar que soluções não são fáceis. Embora as políticas públicas existam, eu pergunto: está dando certo? Números nos indicam que não. Para o bem ou para o mal, também é preciso dizer que o combate à pandemia no Ceará foi muito elogiado e acredito que a história mostrará o acerto nos cuidados. O segredo? Não tem segredo. Confiou-se o hercúleo trabalho aos estudiosos, à academia, à ciência e priorizou-se, de fato, orçamentariamente essa questão.
E os métodos, o esmero com que semanalmente esse período infame da nossa história era dissecado pelo próprio Governador, com dados públicos abertos e acompanhados pelo olhar atento da sociedade criou uma pressão co-participativa em todo o estado. Esse movimento único, integrado e intenso, à prova de sabotagens me leva à seguinte reflexão: por que não tratamos a epidemia - palavra usada pela Governadora - como uma epidemia?
Por que não iniciar do zero um debate público, com pessoas que de fato entendem do assunto, com metas, com colaboração da Assembleia Legislativa e demais órgãos, com representantes cearenses no Congresso Nacional, com exposição do comitê gerencial, com reestruturação ampla dos órgãos, coordenação eficaz da inteligência, investimento na formação policial, ocupação das áreas e a devida oficialização das esferas?
Um exemplo prático do que digo: uma delegacia eletrônica cujo mistér é um simples registro de boletim eletrônico não existe oficialmente na estrutura da polícia civil, a exemplo de várias delegacias municipais. Funciona, acredite, de forma empírica. Mesmo registrando de 2021 para cá cerca de 700 mil boletins! É assim que se combate uma epidemia? Não. Então já temos de onde partir: do básico. Urgente!