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Olga Alcântara Barros: Mulheres na Ciência, a dificuldade de ser cientista no Brasil
Opinião

Olga Alcântara Barros: Mulheres na Ciência, a dificuldade de ser cientista no Brasil

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Olga Alcântara Barros, pesquisadora visitante da Universidade Regional do Cariri (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Olga Alcântara Barros, pesquisadora visitante da Universidade Regional do Cariri

A presença feminina nas ciências é algo que remota desde a antiguidade. Não são poucas as histórias de pioneiras que venceram os preconceitos e fizeram seus nomes na pesquisa científica. Historicamente, o fazer ciência sempre foi visto como uma prática primordialmente realizada por homens.

A mudança deste panorama iniciou-se somente após a segunda metade do século XX, quando atividades como o da luta pela igualdade, como por exemplo, o direito ao voto feminino desencadearam o ingresso de mulheres em atuações tradicionalmente dirigidas por homens. Dessa forma, gradualmente, as mulheres passaram a conquistar seu espaço nas mais variadas áreas.

Na paleontologia, destacou-se o pioneirismo de Mary Anning (1799 - 1847), que apesar de ter ajudado diversos cientistas, em vida, não obteve sucesso por suas grandes descobertas. Assim como na paleontologia, a atuação promissora de figuras femininas no que tange ao cenário da química e física não é diferente. Marie Sklodowska Curie (1867-1934), abriu novos caminhos nessas áreas, entretanto, vale salientar que o estigma do gênero feminino dificultou a circulação de suas pesquisas.

São diversas as contribuições de grandes mulheres obrigadas a lidar com inúmeras negativas na sociedade, desenvolvendo uma capacidade de resiliência. Mesmo com os avanços, a inclusão de mulheres na ciência ainda é inferior. Até então, lidamos com preconceitos e ainda realizamos dupla jornada de trabalho, cuidando da casa e dos filhos. Hoje, estamos caminhando para dias melhores, propostas como editais de apoio às pesquisas científicas coordenadas exclusivamente por mulheres, financiados por agências de fomento como a Funcap, CNPq e CAPES fazem a total diferença.

Recentemente a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Funcap, lançou um edital de auxílio à pesquisa destinado às mulheres, com investimento de três milhões de reais. Propostas assim, inspiram cada vez mais a levantarmos a bandeira de fazer ciência no Brasil, diante da enorme dificuldade que estamos enfrentando no nosso país.

Estímulos como esse, inspiraram a qualificar jovens paleontólogos. Esta pesquisa resultará na capacitação de estudantes da Universidade Regional do Cariri (Urca) que participarão de uma escavação controlada, e serão organizadas e comandadas por mulheres. Através dos fósseis coletados, auxiliará na ampliação do acervo científico do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens e do laboratório de Paleontologia da Urca, bem como, com o GeoPark Araripe através da estruturação de uma escavação que será posteriormente aberta à visitação. Este projeto ainda possui parceria com a central analítica da Universidade Federal do Ceará, onde serão realizadas as análises físico-químicas no material encontrado. Por fim, espera-se auxiliar na divulgação científica no estado e estabelecer novas espécies na região.

Este artigo foi escrito para a campanha #ciêncianaseleições, que celebra o Mês da Ciência.

 

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