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Plínio Bortolotti: Livros somem para dar protagonismo a fuzis
Opinião

Plínio Bortolotti: Livros somem para dar protagonismo a fuzis

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Duas informações, divulgadas no mesmo dia, porém separadamente e sem relação aparente entre elas, são reveladoras do buraco no qual o País está metido.

A primeira refere-se ao levantamento do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP) mostrando que entre 2015 e 2020, o Brasil perdeu pelo menos 764 bibliotecas públicas. O período estudado reverte a tendência de crescimento de anos anteriores, que apontavam crescimento.

Segundo reportagem da BBC Brasil (16/7/2022), de 2004 a 2011, período em que durou o Programa Livro Aberto do governo federal, em parceria com municípios, 1.705 novas bibliotecas foram criadas no Brasil, segundo informações do SNBP.

O número de bibliotecas fechadas pode ser ainda maior, pois a fragilidade da atuação do SNBP, mantido pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, não tem completo domínio da situação.

Para especialistas, a situação demonstra descaso do poder público com a população mais vulnerável, que não tendo recursos para comprar livros, dependem das bibliotecas públicas para estudo e pesquisa.

Se as bibliotecas estão sumindo, sob o governo do presidente Jair Bolsonaro as armas e clubes de tiro estão proliferando.

O próprio presidente usou esse comparativo para ganhar o apoio de gangues armadas: "(Se Lula ganhar a eleição) ele vai recolher as armas; clube de tiro vai virar biblioteca", discursou Bolsonaro, que vem contribuindo covardemente para pôr cada vez mais armas em circulação.

No primeiro ano do atual governo houve um recorde de inaugurações de clubes de tiro, com 232 novas entidades. A marca já foi superada duas vezes: 291 clubes fundados em 2020 e mais 348 no ano passado. Ou seja, praticamente a cada dia nasce uma nova associação dedicada aos tiros. (Uol, 16/7/2022).

Os registros de armas começaram a aumentar desde que Bolsonaro assumiu a Presidência. Em 2019 foram registradas mais de um milhão de novas armas particulares no Brasil. Até novembro de 2021 havia no país 2,3 milhões de armas registradas, aumento de 78% em relação a 2018, último ano da gestão de Michel Temer (MDB), quando havia 1,3 milhão de armas contabilizadas. (Uol, 4/6/2022).

Pode-se concluir que no Brasil de Bolsonaro, enquanto os livros somem, pistolas e fuzis ganham protagonismo.

 

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Plínio Bortolotti

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