Quase que semanalmente recebo relatos de pessoas próximas dando conta de algum golpe das quais foram vítimas, por meio das redes sociais. Há diversas modalidades de golpes aplicados diariamente em ambiente virtual. Mas, aqui, refiro-me, especialmente, às simulações de negócios empreendidas por grupos criminosos, geralmente a partir de ofertas um tanto quanto atraentes ao cidadão que busca determinado serviço ou produto: empréstimos com condições especiais e juros baixos, venda de ingressos para eventos culturais com preços superatrativos, etc.
A sensação de estar diante de uma oferta que soa "boa demais para ser verdade", somada à aparência de legitimidade e licitude, faz com que aquela pessoa necessitada (de algum serviço ou produto) acabe se vendo envolvida num discurso malicioso e, por derradeiro, capturada (no final, a oferta era boa, mas não era "de verdade", certo?).
Os golpes são democráticos. Jovem ou idoso. Pobre ou rico. Homem ou mulher. Todos nós estamos passíveis de nos deixar levar - em determinado momento e sob certas condições - por alguma proposta que nos pareça vantajosa, mas que, na verdade, consiste em uma fraude. Nesse caso, o prejuízo (financeiro e emocional) é nota característica. A sensação de culpa e de vergonha, por parte da vítima, é inerente. Em um viés retrospectivo, todos os vitimados hão de se perguntar: como não percebi? E isso dói, caro(a) leitor(a).
Mais recentemente, o Código Penal recebeu alteração para tipificar o que se chamou de "fraude eletrônica", isto é, o estelionato praticado mediante a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou outro meio análogo (art. 171, § 2º-A, do CP). Em relação a tal prática, estabeleceu-se a pena de reclusão de quatro a oito anos, e multa (pena maior do que a prevista para o estelionato "comum", que seria de um a cinco anos de reclusão).
Nada obstante, o crescimento da criminalidade, por meio das redes sociais, é evidente (o recrudescimento da pena, afinal, nunca foi a melhor arma para se combater a criminalidade, pois não?).
Fiquemos atentos. O golpe está aí. E, logicamente, ninguém quer cair. Mas cai.
