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Assis Cavalcante: O dia em que a terra parou
Opinião

Assis Cavalcante: O dia em que a terra parou

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Há 45 anos, Raul Seixas lançava seu sétimo álbum solo - "O Dia em que a Terra Parou", título de uma das canções, de letra extensa. O "Maluco Beleza" conta que teve "um sonho de sonhador", que "naquele dia ninguém saiu de casa, ninguém". Que "O comandante não saiu para o quartel / Pois sabia que o soldado também não tava lá / E o soldado não saiu pra ir pra guerra / Pois sabia que o inimigo também não tava lá..."

Tomo emprestado a poética de Raulzito pra dizer que não foi bem um sonho que eu sonhei, mas algo real o que aconteceu em 2 de outubro p.p., e aqui mesmo no Brasil. Foi o dia das eleições, para os diversos cargos eletivos, notadamente para a presidência da República. O país não discutia outra coisa que não a disputa para a escolha do novo ocupante do Palácio da Alvorada. Eu diria que "O torcedor não foi ao estádio ver o futebol / Pois sabia que a urna também não estava lá / O pescador não saiu pra jogar o anzol / Pois sabia que o candidato também não estava lá..."

Povo demais interessado no pleito. Nunca uma disputa tão acirrada entre os dois primeiros colocados das pesquisas, postas em dúvida em função de prognósticos discrepantes. Ânimos exaltados. Debates acalorados, famílias se estranhando. Empresários apreensivos, mas coadjuvantes no processo.

Registre-se que, na história da humanidade, o empresário é sempre um conciliador; bem humorado, tem as portas abertas para acolher o cliente. Somos todos consumidores, de quaisquer lados da peleja por voto.

Em que mais tem desaguado a presente luta pelo poder? Em distanciamento de afetos, altercações, gente ficando mal umas das outras por conta de cores. Não é isso o que queremos. Somos pelejadores da união, da concórdia, do acolhimento, do desenvolvimento. Senão for para o abraço fraterno, a luta perde sentido. A cada dia bastam as suas dificuldades. Saímos de uma crise sanitária sem precedentes e já outro bicho nos atinge em cheio o coração: o da discórdia. Paz, meus irmãos!

De fato, voto consciente é estimulo à cidadania, fortalecimento dos princípios éticos, participação política consciente, livre e democrática, mas há de haver gentileza, respeito ao que o outro pensa. A gente precisa dar seguimento à vida. n

 

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Assis Cavalcante

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