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Leonardo Vieira: Violência de gênero no contexto das eleições: vale a pena a luta por igualdade?
Opinião

Leonardo Vieira: Violência de gênero no contexto das eleições: vale a pena a luta por igualdade?

O direito de voto feminino ainda está sendo exercido com muita dificuldade. Outro ponto é que, mesmo quando eleitas as mulheres são caladas e diminuídas pela maioria masculina
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Leonardo Vieira  (Foto: Divulgação )
Foto: Divulgação Leonardo Vieira

Voto calado, direcionado, pressionado; desrespeito à livre manifestação do pensamento; liberdade de expressão tolhida; direito de votar sendo exercido com colete à prova de balas; candidaturas fragilizadas por ameaças de morte… Essas e outras atitudes bárbaras tentam diminuir a posição feminina frente ao direito de votar e de ser votada. Em 2022, ainda vale a pena levantar a bandeira da luta e da resistência pela participação política da mulher?

Mesmo com toda a pressão no sentido oposto, as mulheres avançaram muito no campo político. A população feminina só conquistou o direito ao voto no Brasil em 1932. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, no primeiro pleito eleitoral da história do voto feminino, apenas 20 mulheres compareceram às urnas. Atualmente, as mulheres representam uma maioria de 52,5% do eleitorado nacional. Quanto ao direito de serem votadas, esse número é mais tímido, apesar de estar em ascensão vertiginosa.

Dois pontos merecem reflexão. O primeiro deles é que o direito de voto feminino ainda está sendo exercido com muita dificuldade, como evidenciado no início do texto. O outro ponto é que, mesmo quando são eleitas, as mulheres são caladas e diminuídas pela maioria masculina que, assim, as impede de exercer livremente seus cargos eletivos. Suas propostas não são colocadas em pauta de votação, elas sofrem assédio moral, importunação sexual e são silenciadas, muitas vezes chegando às últimas consequências, como é o caso do feminicídio de Marielle Franco. Em alguns nichos mais específicos como, por exemplo, o de mulheres negras, de representantes das comunidades LGBTQIAP e de mulheres advindas da periferia ou nordestinas, essa agressão política é ainda maior.

Por tudo que foi demonstrado, a luta pelo voto feminino valeu a pena, pois as conquistas são notórias. Contudo, o abismo representativo que na prática existe ainda macula fortemente o livre exercício de mandatos eletivos de políticas femininas e desencoraja tantas outras, o que não pode ser deixado de lado. A luta, que deve seguir forte, sob pena de retrocessos, deve honrar o sangue e o suor de tantas mulheres que nos precederam.

 

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