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Plínio Bortolotti: Golpistas são usados como bucha de canhão
Opinião

Plínio Bortolotti: Golpistas são usados como bucha de canhão

O que os militares querem é manter a ameaça, até determinado ponto, para pressionar o governo eleito, de modo a manter as sinecuras e privilégios que hoje desfrutam sob Bolsonaro
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Plínio Bortolotti, jornalista do O POVO (Foto: Acervo)
Foto: Acervo Plínio Bortolotti, jornalista do O POVO

Em vários artigos nesta página ou na coluna do OP já anotei que um golpe se desenrola do Brasil à luz do dia. A tal ponto que a situação já se "mormalizou", como se a bandalha golpista aglomerada nas portas dos quartéis — pedindo intervenção militar — fizesse parte da paisagem.

Se alguém ainda tem dúvida das intenções dos Bolsonaros, observe a informação divulgado pelo jornal Washington Post (23/11/2022), revelando que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) encontrou-se com o ex-presidente americano Donald Trump, em Miami, que o teria aconselhado a continuar contestando o resultado das eleições. Ao jornal americano, o líder internacional da extrema direita, Steve Bannon, também confirmou ter-se encontrado com Eduardo para discutir o mesmo assunto.

Ao mesmo tempo, os quartéis fazem movimentos de insubordinação ao novo governo, como é o caso dos comandantes das Forças Armadas que, em acerto com o presidente Bolsonaro, pretendem deixar os cargos antes da posse de Lula, como forma de constranger o presidente eleito.

Insere-se ainda nesse pacote antidemocrático a atuação de pelo menos um militar da ativa, o sargento da Marinha Ronaldo Ribeiro Travassos, lotado no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), comandado pelo ridículo general Augusto Heleno. O sargento convoca atos golpistas pelas redes sociais e já ameaçou Lula, dizendo que ele não subiria a rampa do Palácio do Planalto. O sargento nunca recebeu ao menos uma advertência de seus superiores.

O fato de o golpe estar em andamento não significa que será levado a cabo e, menos ainda, que sairá vitorioso. Será derrotado. Os tanques não socorrerão as vivandeiras que choram no muro das lamentações dos quartéis. Os espertos fardados sabem que um golpe não tem chance de progredir, pois deixaria o Brasil isolado, sob boicote internacional dos países democráticos.

Na verdade, os generais veem os golpistas, que se esfalfam em acampamentos precários, como carne barata, para ser usada como bucha de canhão. O que os fardados querem, é manter a ameaça, até determinado ponto, para pressionar o governo eleito, de modo a manter as sinecuras e privilégios que hoje desfrutam sob Bolsonaro. n

 

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