O anúncio da decisão da Enel de sair da distribuição de energia no Ceará era esperado não só pelo mercado, após a venda da operação de Goiás, mas, principalmente, pela percepção do desinteresse manifestado pela operação da Enel e seu atendimento claramente precarizado aos consumidores cearenses em todos os segmentos, seja rural, residencial, industrial, comercial e público.
Quando a Coelce foi privatizada, em 1998, a qualidade dos serviços era exatamente um dos pontos que mais preocupava e rendeu muitas manchetes de jornal. Durante os primeiros anos da concessão, as cobranças por melhoria de serviços eram contrapostas pela divulgação de volumes expressivos de investimentos.
Ao fim da primeira década, a avaliação foi positiva, apesar de reclamações do aumento de tarifas. Nessa altura o Estado investiu fortemente na universalização dos serviços de energia com os projetos São José, Luz no Campo e Luz para Todos, quando atingimos 100% por volta de 2004, fato que certamente contribuiu com a inversão do fluxo de migração dos cearenses para o sudeste.
A concessão foi amadurecendo, assim como os mecanismos de regulação, e a Coelce virou Enel, em 2016. Mas a tão sonhada e cobrada melhoria nos serviços não acompanhou as expectativas e a companhia se viu mergulhada em um universo de reclamações, sempre apresentadas e discutidas nas reuniões mensais do Conselho de Consumidores da Enel Distribuição Ceará - Conerge.
Agora, com a venda da operação no estado vislumbra-se um horizonte de esperança. O mercado cearense é atrativo, tem baixa inadimplência e se destaca com uma crescente fase de crescimento econômico e mais ainda com a grande oportunidade que se apresenta com a transição energética visando o desafio de atingir as metas de carbono zero com o uso do abundante potencial de seus recursos de energias renováveis além de se adequar para a migração de mais de 13 mil consumidores aptos para o novo mercado livre de energia. Com menores custos de energia, o Ceará poderá assim ser mais competitivo e promover ainda mais a atratividade para novos investimentos e mais crescimento para o nosso Estado.
A nova concessionária terá cerca de seis anos de operação pela frente para reestruturar e usufruir das oportunidades do Ceará, trazer serviços de qualidade para os cearenses e quem sabe se preparar para o novo ciclo de concessão.