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Saulo Moreno Rocha: Aldemir, o poeta das linhas sinuosas
Opinião

Saulo Moreno Rocha: Aldemir, o poeta das linhas sinuosas

Aldemir projetou para o mundo, em suas obras, nossos símbolos e nossas memórias cravejadas de uma longa duração de sonhos e projetos a favor de uma poética solar, intensa e sonhadora
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Este ano, marco de tantos acontecimentos relevantes, celebramos o centenário de nascimento de Aldemir Martins, um mestre das artes, poeta das linhas sinuosas e símbolo de uma geração que marcou duradouramente a história da cultura do Ceará e do Brasil. Natural de Ingazeiras, município de Aurora, terra cariri, Aldemir projetou para o mundo nossos símbolos e nossas memórias cravejadas de uma longa duração de sonhos e projetos a favor de uma poética solar, intensa e sonhadora.

Eterno, como são os artistas, Aldemir vive em cada obra sua que nos alcança e nos comove. Dos galos aos gatos, das rendeiras aos beatos, dos jogadores às muitas frutas, ele dominou como poucos uma diversidade de técnicas, empenhando-as na fatura de uma obra que o situa duradouramente entre as referências estéticas de um Brasil que se revela pelos detalhes de sua gente, nas micronarrativas de uma história tecida nas múltiplas paisagens que habitamos. Justamente por isso, Aldemir fala ao povo, dialoga com as gentes, com suas memórias e saudades.

No Museu de Arte da UFC (Mauc), uma sala desde 1979 é dedicada à sua memória, e nela, elaboramos com nossos públicos novas histórias, presentificando um legado que se atualiza a cada encontro, a cada visita, a cada ação educativa. Aldemir também se espraia pelas escolas, como no projeto Obra Viva, coordenado pela Prof.ª Érica Gadelha na EEEP Professora Abigail Sampaio, de Paracuru, durante a pandemia, e na EMEIEF Presidente Kennedy, de Fortaleza, onde o Prof. Wesclei Cunha tem coordenado visitas ao Mauc, desdobradas em sala de aula com trabalhos acerca das nossas muitas histórias das artes.

Aldemir é presença e poética renovadora de nossas esperanças em um país que renascerá: indígena, sertanejo, cearense, trabalhador da cultura, artista! Mais do que nunca, estamos a esperançar com Aldemir um Brasil tão belo e pulsante como em suas telas de cores quentes, abraçadoras, amorosas. Um poeta-criador-de-mundos que pinta, grava, desenha e com isso encanta, eterniza, floresce. No seu centenário, presenteados somos nós, fertilizados por sua imaginação tamanha. n

 

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Saulo Moreno Rocha

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