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Erika Peron: Trocas para reflorestar saberes
Opinião

Erika Peron: Trocas para reflorestar saberes

Já não está mais sob controle, o algoritmo aprende com ele mesmo e se autotransmuta. Implanta estratégias sorrateiras, nos divide, polariza, hegemoniza, isola, e nos dá sempre mais do mesmo. Este é o cenário atual
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Em um mundo quase distópico, onde o tecido social encontra-se esgarçado, de um lado pelo descaso do poder público com o que realmente importa e de outro pela manipulação predadora das empresas de tecnologia, que, famintas por lucro, implantam em nós humanos, de forma sorrateira, compulsão por dopamina em comprimidos administrados abundantemente em forma de botões de likes, com o único objetivo, o de aumentar seu banco de dados de adictos por mais e mais falsas sensações de ser aceito e admirado e pelo falso poder oferecido pelas redes sociais.

Na verdade, o que eles querem é apenas nutrir algoritmos, que na superfície onde querem manter os humanos, já sabem mais sobre nós que nós mesmos em função da sua velocidade de processamento inatingível pelo cérebro humano. Extremamente algozes por seu obstinado objetivo, lenta e gradualmente causam mutações em nós humanos, alteram a forma como percebemos e comportamos em relação ao outro, a nós mesmos e à sociedade, tornando-nos cada vez mais previsíveis e manipuláveis.

Já não está mais sob controle, o algoritmo aprende com ele mesmo e se autotransmuta. Implanta estratégias sorrateiras, nos divide, polariza, hegemoniza, isola, e nos dá sempre mais do mesmo. Este é o cenário atual. Pessoas que não ouvem e não veem o outro lado, poucas trocas reais e assim, vamos emburrecendo o nosso raciocínio e as nossas emoções. Nossas vidas são mais que dados coletados e negociados em um mercado de trilhões de dólares, não somos produtos. Precisamos tecer uma nova malha social com valores mais humanitários e naturais: empatia, compreensão, respeito pelas diferenças, amor.

A única forma de mudar isto é através do combate à desinformação e à afasia, com educação. Intercambiar saberes, multidisciplinarizar e implantar um aposematismo psicossocial. É necessário debater questões que realmente importam para precipitar opiniões sobre temas que causam conflitos com o objetivo de angariar soluções. Somente esclarecidos podemos dialetizar nosso comportamento e assim mudar. Precisamos ressignificar valores sob a ótica da contemporaneidade.

 

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Erika Peron

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