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Plínio Bortolotti: Bilionário, Abílio Diniz teme reforma tributária
Opinião

Plínio Bortolotti: Bilionário, Abílio Diniz teme reforma tributária

Dono de uma fortuna avaliada em US$ 2,5 bilhões, ele não estava fazendo graça. Defendeu que a tributação deveria incidir sobre lucros e dividendos da pessoa jurídica (hoje isentos de impostos) e não sobre a pessoa física
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Sócio do Carrefour, o empresário Abílio Diniz afirmou recentemente que temia que a reforma tributária brasileira fosse ao estilo "Robin Hood", isto é, uma maneira de "tirar dos ricos para dar aos pobres".

Dono de uma fortuna avaliada em US$ 2,5 bilhões, falando em evento promovido por um banco de investimento, ele não estava fazendo graça. Defendeu que a tributação deveria incidir sobre lucros e dividendos da pessoa jurídica (hoje isentos de impostos) e não sobre a pessoa física. Só que uma coisa não impede, nem deveria impedir, a outra.

Recente estudo do Centro de Liderança Pública mostra que a proposta de reforma tributária em debate no Congresso Nacional reduziria a carga para 96% dos contribuintes, e elevaria a renda de todos os consumidores, principalmente os mais pobres.

A carga sobre o consumo cairia de 35% para 31,5% para as pessoas que estão na base de distribuição de renda, subindo de 31,6% para 32,2% para os 2% mais ricos, tornando a equação mais equilibrada.

O estudo estima um ganho potencial de cerca de 20% para a economia brasileira, impactando a renda dos vários grupos. Haveria ganhos começando em cerca de 14% para os mais pobres e de quase 10% para os mais ricos. Não parece nada que possa tirar o sono de Diniz, a não ser que ele seja mais mesquinho do que faz supor a sua frase.

Com mais de 33 milhões de pessoas sem ter o que comer e mais de 60 milhões com algum tipo de insegurança alimentar, o Brasil é o mesmo país que aparece no "top 10" da lista com mais bilionários no mundo, ficando em oitavo lugar no índice, com dados da revista Forbes. A fortuna deles somada chega a US$ 157 bilhões, o que deveria levar a questionar o porquê dessa brutal concentração de renda.

Porém, nem tudo parece perdido. Um grupo de 205 super-ricos, de diversos países, destinaram uma petição aos líderes do Fórum Econômico Mundial (Davos) exigindo pagar mais impostos, pois querem contribuir para reduzir a pobreza, a desigualdade e a "profunda vulnerabilidade em nossos sistemas sociais".

Eles sabem o risco que é, para todos, a situação extrema na qual todos vivemos. Talvez pudesse servir de inspiração para Abílio Diniz, porém ele deve estar mais preocupado em manter algumas cédulas em sua carteira, do que contribuir para melhorar o mundo. n

 

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Plínio Bortolotti

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