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Emília Buarque: Em que mundo nossos filhos vão viver?
Opinião

Emília Buarque: Em que mundo nossos filhos vão viver?

Parece contraditório, mas a evolução tem trazido maior complexidade ao planeta e ao ser humano, e a internet parece ser o maior gargalo, por interferir na formação das novas gerações
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Um dos maiores desafios das famílias é educar os filhos no mundo de hoje. Parece contraditório, mas a evolução tem trazido maior complexidade ao planeta e ao ser humano, e a internet parece ser o maior gargalo, por interferir na formação destas gerações.

No mês de março ocorre o maior evento de tendências do globo, o South By South West - SXSW. Neste encontro é possível ter uma visão ampla dos próximos capítulos deste nosso enigmático globo e seus habitantes.

De tudo que li e ouvi, esta edição foi muito mais sobre o humano e Inteligência Artificial (IA), que sobre tecnologia em geral.

Um dos temas amplamente debatidos foi sobre GenZ (geração de pessoas nascidas a partir de 1997) e GenAlpha (nascidos a partir de 2010), além do que estão chamando de geração Covid (nascidos a partir de 2016), todos nativos digitais.

Sendo a tecnologia e as redes um dos maiores desafios que interferem na formação dos nossos filhos, um dos insights do SXSW foi dado por desenvolvedores de games no metaverso, tais como fortnite e minecraft. Eles avaliam que, especialmente crianças menores, quando acessam jogos, se conectam de tal forma que constroem amizades significativas nestes espaços, do mesmo modo que as gerações anteriores consolidavam relações nos shoppings e parques. O que é assustador para nós, pais, que entendemos que este ambiente é permeado por adultos, algumas vezes pervertidos e tóxicos.

Outro aspecto a ser compreendido é que nossos filhos têm a oportunidade de desenvolver projetos neste mundo virtual, monetizarem e até virarem celebridade. Alguns ganham dinheiro jogando e têm informação em abundância nas redes. Além de tudo isso, a internet e os dispositivos sabem cada vez mais de nossas vidas. Daí, como explicar a importância das relações e habilidades socioemocionais que precisam ter para viverem em sociedade?

Como a perspectiva de longevidade vem aumentando e estaremos cada vez mais ativos, precisamos investir numa relação harmônica entre pais e filhos. A má notícia para os ainda não adeptos deste universo é: se "virtualizem", se conectem e aprendam sobre tecnologia. As tendências futuristas devem ser fator de união e não de separação nas famílias. O olhar que divido é de que não podemos vetar o acesso à tecnologia, mas podemos direcionar. E entendo que a melhor maneira de direcionar é fazer parte. n

 

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Emília Buarque

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