Desembarcou nesta semana na China o secretário de Estado americano Antony Blinken para um importante - e esperado - encontro com o presidente chinês Xi Jinping. Nessa reunião de alto nível, a expectativa é a de que algumas pontes sejam criadas e novos contornos traçados na estremecida relação entre China e Estados Unidos.
O encontro acontece naquele que é o pior momento das relações entre os países em mais de vinte anos. Os Estados têm enfrentado divergências no campo político-econômico. A mais recente foi o incidente como o do balão chinês encontrado sobrevoando o território estadunidense que gerou acusações norte-americanas de espionagem por parte da China. Mas também se destacam as mútuas sanções econômicas, fruto da nova guerra econômica envolvendo ambos os países.
Ainda assim, é verdade que o primeiro pronunciamento do oficial americano em solo chinês reforçou uma expectativa positiva pelo fortalecimento das relações bilaterais. Colocando os Estados Unidos contrários à independência de Taiwan e negando o interesse em bloquear o crescimento econômico do país asiático, Blinken mostrou que os americanos estão dispostos, depois de muito tempo, a construir uma reaproximação. No entanto, algumas questões pavimentam um caminho difícil para esse plano. O posicionamento neutro chinês na Guerra da Ucrânia e os esforços do país, seja de forma bilateral ou multilateral com o Banco dos BRICS, em diminuir suas movimentações econômicas em dólar ainda incomodam os americanos. De outro lado, a China se sente injustamente atacada pelas sanções econômicas do governo americano e as esperanças de mudanças significativas nesses campos é pequena.
Conforme apontam analistas, as tensões atuais são fruto de uma transformação profunda no Sistema Internacional. A antiga hierarquia, onde os EUA eram hegemônicos, está sendo desafiada. Rússia e China são os dois desafiantes de uma ordem estabelecida ainda no fim da Guerra Fria. Dessa forma, parece irracional pensar que China, em uma posição econômica confortável, vá abdicar de suas ambições no âmbito internacional. De forma equivalente, e mesmo com os acenos positivos realizados nesta semana, é de se duvidar que Estados Unidos aceite uma contestação à sua posição hegemônica.
Assim, o que se pode esperar da viagem é um embate de interesses sem muitos resultados estruturais concretos. A tensão deve se manter. n