Hoje, 25 de julho, celebramos o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. No Brasil, homenageamos Tereza de Benguela, líder quilombola que resistiu por 20 anos. No Ceará, homenageamos Preta Simoa, liderança na mobilização dos jangadeiros contra o transporte de escravizados. O sujeito político 'mulher negra' emerge da auto-organização, questionando sua subalternização e ligação ao trabalho doméstico. É necessário compreender o sistema de opressão que as afeta nas dimensões econômicas, políticas e ideológicas desde a escravidão. Nesse momento de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva e abertura de um novo ciclo histórico no Brasil, é preciso pensar em políticas que alterem essas estruturas de opressão que mantêm as mulheres negras na base da pirâmide. O tema central é o trabalho doméstico e de cuidados.
Segundo o Ministério das Mulheres, 93% da categoria são formados por mulheres e 61% são mulheres negras. Além do trabalho doméstico, 45% dos postos de trabalho no setor de cuidados são ocupados por mulheres negras, incluindo enfermagem, educação infantil e cuidadoras de idosos.
A divisão do trabalho de cuidados no Brasil está marcada por desigualdades raciais. Mulheres negras seguem sendo as maiores provedoras de cuidados, dedicando 22,3 horas semanais ao trabalho doméstico e de cuidados não remunerado. Em 2021, 32% das mulheres negras não ingressaram no mercado de trabalho devido a suas responsabilidades. É fundamental considerar o 'cuidado' como um problema público, rompendo com a organização social do trabalho escravizador e responsabilizando o Estado.
Com a pauta da socialização dos cuidados, podemos construir uma aliança com as mulheres em toda sua diversidade. Mulheres negras defendem o direito ao bem viver, livre de trabalho compulsório, violência e precariedade. Neste 25 de julho, convoco todas as mulheres negras a marchar junto à marcha das margaridas em agosto pelo fim do racismo e pelo bem viver! Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!