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Renata Marinho: Festival ExpoCrato, o Crato merece mais
Opinião

Renata Marinho: Festival ExpoCrato, o Crato merece mais

A Exposição, como é popularmente conhecida, é um momento de celebração da cultura e das tradições locais, mas, como toda tradição, vem se transformando
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"Viva a cultura, viva a música, viva a fé, viva o 'oásis do sertão'. Viva o Crato!" Essas frases foram amplamente utilizadas pelas diferentes mídias para divulgar a 70ª edição da ExpoCrato. A tradicional exposição agropecuária atraiu cerca de meio milhão de visitantes em seus sete dias oficiais de duração. É a maior atração do município e um dos maiores eventos do Estado.

Pessoas de todas as gerações estiveram no parque Pedro Felício Cavalcante para ver animais, comer beijus e tapiocas feitas na casa de farinha, tomar caldo de cana e comprar rapaduras produzidas no engenho, enfrentar filas enormes para adquirir os tradicionais filhós, visitar os estandes com uma infinidade de produtos e serviços. Bares e restaurantes são uma atração à parte, com espaços para diversos gostos e bolsos.

O evento também contou com uma programação cultural com apresentações de artistas regionais, que tendem a evocar a face mais tradicional do evento, mas que não chegam a ocupar o palco principal da festa, na arena do Festival ExpoCrato, que é destinado a nomes populares do mercado musical nacional.

A Exposição, como é popularmente conhecida, é um momento de celebração da cultura e das tradições locais, mas, como toda tradição, vem se transformando. A parte musical, especialmente, sempre deu visibilidade à festa, com shows acessíveis e diversificados de artistas de renome nacional. Contudo, nos últimos anos, mudanças agudas vêm acontecendo. A criação do Festival ExpoCrato, tem tornado a festa cada vez mais um espaço de exclusão social, com ingressos a preços proibitivos para o grande público e com a segmentação do local dos shows em camarotes para "reis" e "vips", símbolos notórios de apartação.

Além da segregação, o Festival fez a opção por trazer, sobretudo, atrações de grande apelo no mercado musical. Deixou de lado a diversificação e a qualidade e, a despeito da grandiosa estrutura montada, se apequenou ao se igualar a outras tantas festas sem identidade que campeiam por aí. O Crato, outrora conhecido como a capital da cultura, merecia mais.

 

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Renata Marinho

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