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Circulação meridional do Atlântico sob ameaça
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Jornalista, divulgador científico e professor da Universidade Federal de Rondonópolis. É doutor em ecologia pela Universidade Autônoma de Madrid, Espanha

Fabio Angeoletto ciência e saúde

Circulação meridional do Atlântico sob ameaça

Esse conjunto de correntes oceânicas, denominado Circulação Meridional de Capotamento do Atlântico, vai colapsar se as emissões de gases de efeito estufa não forem reduzidas imediatamente
Tipo Opinião

Um relatório da ONU e três estudos científicos publicados recentemente chegaram à mesma conclusão: o principal conjunto de correntes oceânicas que transportam enormes quantidades de água dos mares tropicais para o hemisfério norte está enfraquecendo, por impactos das mudanças climáticas.

Esse conjunto de correntes oceânicas, denominado Circulação Meridional de Capotamento do Atlântico, vai colapsar se as emissões de gases de efeito estufa não forem reduzidas imediatamente. Como funciona a Circulação Meridional de Capotamento do Atlântico? Os mares de águas equatoriais são mais quentes, e, quanto mais quentes, menos densas e pesadas são as águas, que se deslocam em forma de correntes, rumo ao Hemisfério Norte. No seu percurso, essas correntes amenizam o frio da Europa Ocidental e do Leste dos Estados Unidos. No extremo norte desse sistema circulatório, ocorre o capotamento, isto é: as águas salgadas mais frias do Polo Norte afundam e viajam para as zonas equatoriais, amenizando o calor nos trópicos. Embora seu impacto mais óbvio seja no clima, também afeta a distribuição de nutrientes que alimentam milhares de espécies pelos mares do planeta.

Com o aquecimento global, geleiras de água doce da Groenlândia e do Ártico estão derretendo. A água doce é menos densa do que a água salgada, por isso ela afunda mais profundamente no Oceano Atlântico e desacelera a circulação das correntes oceânicas entre os Hemisférios Norte e Sul. Em resumo, quanto mais água doce é descongelada das geleiras e flui para o oceano Atlântico, mais vagarosa se torna a Circulação Meridional de Capotamento do Atlântico.

O estudo mais recente publicado sobre o tema estima o colapso da Circulação Meridional de Capotamento do Atlântico em 2057. Com o colapso, a biodiversidade marinha seria severamente prejudicada, e milhões de seres humanos sofreriam com frio intenso no Hemisfério Norte e calor intenso nas zonas equatoriais. Seria uma triste herança que legaríamos aos nossos filhos e netos. Políticas de redução de emissões de gases são necessárias. Mas nós, cidadãos, podemos contribuir para evitar esse desastre ambiental, se emitirmos menos gases estufa - por exemplo, usando menos o automóvel - e plantarmos mais árvores. n

 

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