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Beatriz Furtado : Após o abandono, desafios
Opinião

Beatriz Furtado : Após o abandono, desafios

A política de destruição das universidades públicas, visibilizada nos discursos negacionistas e contrários à Ciência, é a face mais sensível, uma vez que responsável por milhares de mortes que poderiam ter sido evitadas
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Beatriz Furtado (Foto: arquivo pessoal)
Foto: arquivo pessoal Beatriz Furtado

Criado há 15 anos, o Instituto de Cultura e Arte (ICA), da Universidade Federal do Ceará (UFC), tem muito a comemorar e muitos mais desafios a enfrentar. Resultado de um período de expansão das universidades brasileiras, na primeira década dos anos 2000, quando a Educação foi um investimento fundamental para a transformação do Brasil, o ICA sofre as consequências do abandono das políticas das artes e da cultura, que marcou os últimos quatro anos do governo e de seus interventores locais.

A política de destruição das universidades públicas, visibilizada nos discursos negacionistas e contrários à Ciência, é a face mais sensível, uma vez que responsável por milhares de mortes que poderiam ter sido evitadas. Se assim se deu com as Ciências, no campo das artes e das culturas, o abandono foi devastador. Nós que fazemos o Instituto de Cultura e Arte conhecemos de muito perto o significado da falta de infraestrutura mínima para realização do ensino, da pesquisa, da extensão.

Abandono que se faz ver na escassez de bolsas, na falta de transportes, na falta de equipamentos, no déficit de técnicos de educação e docentes, na não conclusão do prédio do ICA (no qual as ruínas já se fazem), na falta de orçamento para resolver problemas básicos, que vão das goteiras que alagam os locais de trabalho à falta de condições de realização de cursos que necessitam de salas com tratamento acústico para não inviabilizar os demais que necessitam de silêncio para ocorrer.

Os problemas são inúmeros e precisam ser enfrentados. A posse do novo reitor, Prof. Custódio Almeida, e da vice-reitora, Profa. Diana Azevedo, eleitos pela comunidade universitária, traz o ânimo necessário para que a partir de agosto nós possamos repensar os caminhos do ICA, desde uma perspectiva de UFC Viva e Democrática.

É urgente que sejamos capazes de fazer jus aos anseios da sociedade, com arte, cultura e ciência de qualidade e, sobretudo, que os nossos esforços respondam à dívida histórica que o Brasil tem com os povos indígenas, afrodescendentes e demais populações vulnerabilizadas.

Nós, servidores docentes, técnico-administrativos da educação e estudantes, da UFC e do ICA, estamos convocados a responder aos desafios que estão postos, garantindo transparência orçamentária, democracia nas decisões, vivacidade nas nossas ações e respeito às práticas coletivas. n

 

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