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Plínio Bortolotti: Taxar super-ricos não é coisa só de comunista
Opinião

Plínio Bortolotti: Taxar super-ricos não é coisa só de comunista

Os "Milionários Patrióticos", como se denominam, advertem que o mundo vive uma era de extremos com "aumento da pobreza e da desigualdade; a ascensão do nacionalismo antidemocrático; o clima extremo e o declínio ecológico"
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Já faz algum tempo — não lembro quando — vi, pela primeira vez, um bilionário reclamar que pagava pouco imposto, pedindo que o governo taxasse mais seus rendimentos. Era uma entrevista com o investidor húngaro-americano George Soros, dizendo não ser justo ver sua secretária sendo mais tributada do que ele.

Mais recentemente, no Fórum de Davos, no início deste ano, um grupo de mais de 200 super-ricos (nenhum brasileiro) assinou uma petição endereçada aos líderes mundiais, exigindo pagar mais impostos.

No documento, os "Milionários Patrióticos", como se denominam, afirmaram que o mundo vive uma era de extremos com "aumento da pobreza e da desigualdade; a ascensão do nacionalismo antidemocrático; o clima extremo e o declínio ecológico". Para enfrentar esses problemas, eles reivindicaram: "Vocês, nossos representantes globais, devem tributar a nós, ultra-ricos, e devem começar agora".

Aleluia! Taxar com a devida justiça os excessivamente ricos não é mais coisa só de comunista.

O presidente do Patriotas Milionários é Morris Pearl, ex-diretor do Black Rock, um dos maiores fundos de investimentos do mundo. Ele participou, virtualmente, na terça-feira (28/8/2023) do Fórum Internacional Tributário, em Brasília, onde o assunto foi abordado.

Antes, ele concedeu entrevista à BBC Brasil, na qual disse que tributar os ricos era considerado "ideias da esquerda", mas que isso está mudando. Ele cita o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que "está abraçando ao menos algumas das nossas ideias", com o assunto sendo debatido no Congresso americano.

Pearl compara os EUA e o Brasil, dizendo que nos dois países os contribuintes mais ricos pagam alíquotas menores de imposto de renda do que a classe trabalhadora, pois os salários são mais tributados do que aplicações financeiras.

Isso é muito óbvio, para qualquer cidadão brasileiro ou americano razoavelmente informado, mas sempre é bom ouvir de quem se beneficia com a situação e quer consertá-la.

No Brasil, a proposta do governo para tributar os fundos bilionários sofre oposição em alguns setores do Congresso e entre certos "liberais", perdidos no espaço, depois que o governo Bolsonaro deu no que deu.

 

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Plínio Bortolotti

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