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Flávia Lima: A vida do paciente de Hipertensão Arterial Pulmonar merece um fôlego
Opinião

Flávia Lima: A vida do paciente de Hipertensão Arterial Pulmonar merece um fôlego

Os desafios são muitos, a começar pela demora no diagnóstico, já que a HAP tem sintomas frequentes em outras doenças mais prevalentes. Em média, desde o surgimento dos primeiros sintomas, são 3 anos até a identificação
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Flávia Lima, presidente da Associação Brasileira de Apoio à Família com Hipertensão Arterial Pulmonar e Doenças C orrelatas -Abraf (Foto: Arquivo pessoal)
Foto: Arquivo pessoal Flávia Lima, presidente da Associação Brasileira de Apoio à Família com Hipertensão Arterial Pulmonar e Doenças C orrelatas -Abraf

São 100 mil brasileiros com Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) que esperam há anos pelo tratamento adequado, que pode garantir que eles consigam executar atividades básicas, como caminhar, subir escadas e tomar banho, daí o caráter incapacitante da doença. A HAP, doença rara e grave, acomete os pequenos vasos sanguíneos da circulação pulmonar, o que faz com que as artérias pulmonares (que realizam a comunicação entre coração e pulmões) estreitem, causando o aumento da pressão arterial nos pulmões e a dilatação do coração, podendo resultar em morte.

Os desafios são muitos, a começar pela demora no diagnóstico, já que a HAP tem sintomas frequentes em outras doenças mais prevalentes. Em média, desde o surgimento dos primeiros sintomas, são 3 anos até a identificação da HAP. Por isso, o diagnóstico e tratamento precoces e adequados são tão importantes.

E como ter acesso ao tratamento adequado? É exatamente por isso que pacientes, familiares e médicos aguardam. Mais precisamente pela publicação do novo Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica (PCDT) de HAP, que regula o tratamento dos pacientes no SUS, indicando toda a conduta de diagnóstico, acompanhamento e tratamento. O documento foi criado em 2014 e carece de atualização, dado o avanço científico dos últimos anos.

E o que prevê esse tratamento? Apesar de não ter cura, existem opções que ajudam a controlar o avanço da HAP. As terapias disponíveis incluem medicamentos orais e inalatórios que dilatam os vasos sanguíneos nos pulmões, melhoram a circulação sanguínea no órgão e reduzem a pressão no coração. A evidência científica indica que a combinação de medicamentos que atuam em diferentes vias é a principal estratégia para o controle da HAP. Entretanto, o protocolo nacional vigente não prevê essa estratégia, limitando as alternativas terapêuticas. Além disso, o documento atual ainda não contempla nova alternativa de tratamento que já foi aprovada em 2021.

A expectativa é que essa espera esteja prestes a acabar. Estamos no aguardo da publicação do documento e do comprometimento dos estados brasileiros e das Secretarias de Saúde em fazer valer esse direito do paciente, respeitando a sua jornada e facilitando seu acesso ao tratamento adequado. O paciente de HAP não pode mais esperar.

 

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