Logo O POVO+
Tamires Soares Rodrigues: Suicídio e saúde mental na era das redes sociais
Opinião

Tamires Soares Rodrigues: Suicídio e saúde mental na era das redes sociais

Pais e cuidadores não podem se manter alheios aos impactos do uso das redes sociais na saúde mental dos adolescentes, monitorando e impondo limites desde a fase de infância
Edição Impressa
Tipo Notícia Por

Entendendo os contornos que assume o fenômeno do suicídio na atualidade, seus marcadores e fatores de risco, não podemos desconsiderar a influência de um aspecto relacional dessa época que atravessa e modifica a nossa vida diariamente: as redes sociais.

Quando olhamos para os dados, não por acaso, verifica-se um crescente no número de suicídios entre adolescentes, que segundo o estudo epidemiológico do Ministério da saúde (2021) dos dados do período de 2010 a 2019 foram de uma taxa de 3,5 para 6,4 suicídios para cada 100 mil adolescentes. Outro aumento significativo se observa no suicídio de menores de 14 anos que só entre 2010 e 2013 aumentou 113%.

Esse mesmo público está inserido desde o nascimento na dinâmica potencialmente adoecedora das redes sociais, um espaço virtual onde acontece de tudo, incluindo desafios sádicos que vitimam crianças e adolescentes, cyberbullying e exposição de fotos íntimas.

As redes sociais mudaram a forma como nos relacionamos e instauraram novas formas de sofrimento psíquico, elas difundem e fundam modelos de vida perfeitos e irreais. Mas não seriam as redes sociais um sintoma da vida moderna? E para sustentar uma dinâmica adoecedora não é necessário que haja algo de doente em nós?

A reflexão proposta pode ser também uma autorreflexão, uma vez que, pessoas adultas também não são imunes aos malefícios desse sistema. No entanto os adolescentes são, sabidamente, humanos em desenvolvimento com particularidades que os tornam mais vulneráveis aos impactos das redes sociais, sendo muito afetados por problemas mentais como transtornos de ansiedade, alimentares e de imagem, questões hormonais, sociais e cognitivas, como a impulsividade, fatores de risco para o suicídio.

Dito isso, afirmo que pais e cuidadores não podem se manter alheios aos impactos do uso das redes sociais na saúde mental dos adolescentes, monitorando e impondo limites desde a infância, assim como psicólogos, educadores e outros profissionais que atuam com esse público devem fazer o seu papel em orientar os responsáveis sobre os perigos dessa exposição que vem se provando nociva quando irrestrita.

 

Foto do Articulista

Tamires Soares Rodrigues

Articulista
O que você achou desse conteúdo?