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Joaquim Cartaxo: Hip hop e o cordel
Opinião

Joaquim Cartaxo: Hip hop e o cordel

É notável a conexão entre o hip hop e a literatura de cordel expressa pelo uso criativo da rima e do ritmo. Tanto os MCs quanto os Cordelistas são habilidosos na criação de sequências rítmicas cativantes
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Nascido nas comunidades afro-americanas e latinas do Bronx, Nova York, na década de 1970, o hip hop é um movimento cultural que abrange música, dança, graffiti e expressão verbal. Já o cordel, com raízes no Nordeste do Brasil, representa uma tradição literária que remonta ao século XIX.

Apesar das origens geográficas e históricas distintas, o hip hop e a literatura de cordel compartilham semelhanças surpreendentes. Ambos conformam meios de contar histórias, transmitir mensagens, criticar a sociedade e dar voz às comunidades marginalizadas. Eles celebram a oralidade e o legado de contar histórias com envolvência, usando rimas e ritmo para cativar o público.

É notável a conexão entre o hip hop e a literatura de cordel expressa pelo uso criativo da rima e do ritmo. Tanto os MCs (Mestres de Cerimônias) do hip hop quanto os Cordelistas são habilidosos na criação de sequências rítmicas cativantes que mantêm os ouvintes envolvidos na narrativa.

Ressalte-se que o hip hop e a literatura de cordel também têm sido usados como recursos poderosos para o empoderamento e a conscientização das comunidades. No hip hop, as letras em sua maioria versam sobre questões sociais, raciais e políticas, destacando desigualdades e desafios enfrentados por grupos marginalizados. Na literatura de cordel, os cordelistas frequentemente escrevem sobre temas semelhantes relacionados ao Nordeste do Brasil, exaltando a luta do povo contra a seca, a pobreza e a opressão. Assim, os folhetos são uma forma de contribuir com conscientização política, transmitindo mensagens que denunciam desigualdades, mas apresentam esperança, resistência e cidadania.

Com o mundo cada vez mais interconectado, as fronteiras entre culturas e tradições artísticas tornaram-se mais permeáveis. Isso levou a colaborações inesperadas e emocionantes entre artistas de hip-hop e cordelistas. Essa interconexão é uma prova viva da capacidade da cultura de unir pessoas e inspirar formas inovadoras referentes à expressão da arte. É uma história de resiliência, criatividade e, acima de tudo, de conexão humana.

Em outras palavras: com cuidado, respeito e criatividade, é possível superar os desafios que muitas vezes separam as diferentes formas de expressão e criar uma integração cultural que seja verdadeiramente significativa e enriquecedora. n

 

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Joaquim Cartaxo

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