O ano de 2023 está sendo marcado pela comemoração dos cinquenta anos da carreira de Raimundo Fagner. Ao longo deste tempo, várias são as fases de sua trajetória, que o levaram a se tornar um dos maiores nomes da nossa música.
A primeira década de sua carreira se destaca pela diversidade de estilos e a capacidade de musicar poemas. Isto possibilitou fazer discos plurais, como pode ser visto em "Orós", "Beleza" e "Ave Noturna". Caracterizou-se como o compositor que teve grandes parceiros poetas e letristas (mesmo que póstumos), a exemplo de Cecília Meireles, Florbela Espanca, Ferreira Gullar, Fausto Nilo, Abel Silva, Capinan e Brandão.
Na segunda década de sua carreira aconteceu uma importante metamorfose: ele se tornou um grande vendedor de discos. Sucessos se tornaram permanentes nas rádios. Época de "Deslizes", "Retrovisor", "Romance no Deserto" e "Borbulhas de Amor". Neste período gravou dois discos Luiz Gonzaga (1984 e 1988).
Nas duas décadas que se seguiram, uma nova transformação: um cantor experiente, capaz de produzir discos de grande qualidade, com boas vendagens, além de lotar os grandes palcos no país inteiro. Os discos "Raimundo Fagner" (1996), "Amigos e Canções" (1998), "Raimundo Fagner e Zeca Baleiro" (2003) e "Fortaleza" (2007), são exemplos do cantor em sua melhor forma.
A década seguinte é a da crise da indústria do disco e da consolidação das plataformas musicais. Destaque para o CD/DVD de um show em parceria com Zé Ramalho, em 2014. Recentemente, lançamentos importantes: Serenata (2020), Festa (2021, com Elba Ramalho), Naturezas (2022, com Renato Teixeira) e Meu Parceiro Belchior (2022).
Qual o Raimundo que você prefere? O das poesias pessimistas, o do grande sucesso, ou o artista maduro em grande estilo? Qual das metamorfoses mais lhe agrada? Raimundo é poesia, é voz rascante, é inquietação, é a capacidade de se indignar, é a paixão à flor da pele, é a chama, é o Nordeste em sua maior expressão. É o jovem inquieto de 74 anos que não para, não se repete e mostra que tem muito ainda a surpreender. Viva, Raimundo Fagner Cândido Lopes! n