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Plínio Bortolotti: Autoritarismo avança ou recua no mundo?
Opinião

Plínio Bortolotti: Autoritarismo avança ou recua no mundo?

Estudos e análises apontam o enfraquecimento da democracia no mundo, com retrocessos determinados por eleições fraudulentas e pela limitação de direitos básicos, como a liberdade de expressão
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Plínio Bortolotti, jornalista do O POVO  (Foto: O POVO )
Foto: O POVO Plínio Bortolotti, jornalista do O POVO

Estudo do Instituto Internacional para a Democracia e Assistência Eleitoral (Idea), com sede em Estocolmo (Suécia) aponta ter havido enfraquecimento da democracia no mundo. Considerando os 173 países pesquisados, 85 "decaíram em pelo menos um indicador-chave do desempenho democrático nos últimos cinco anos".

Segundo o documento, "os alicerces da democracia estão enfraquecendo em todo o mundo", com retrocessos causados por eleições fraudulentas e a limitação de direitos básicos, como a liberdade de expressão.

O relatório citou, por exemplo, "declínios na igualdade de grupos sociais nos Estados Unidos, na liberdade de imprensa na Áustria e no acesso à justiça no Reino Unido", como acontecimentos preocupantes.

"Em resumo, a democracia ainda está com problemas. Na melhor das hipóteses, está estagnada. E também em declínio em muitos lugares", afirmou o secretário-geral do Idea, Kevin Casas-Zamora. (Informações até aqui colhidas na plataforma DW, 2/11/2023).

Já o cientista político Steven Levitsky, coautor do livro "Como as democracias morrem" vai em direção contrária. Ele discorda que esteja em curso um retrocesso democrático ou processo de autrocratização, conforme comentou o professor Marcus André Melo, na Folha de S.Paulo (8/10).

Em seu texto, Melo faz comentários sobre o artigo recém-publicado de Levitsky, em parceria com Lucan A. Way, no qual eles apontam a resiliência da democracia. Para os dois autores, os índices de erosão democrática neste século têm sido modestos.

Segundo dizem Levitsky e Way, a percepção equivocada parte do fato de que o risco representado pelos líderes de tendência autocráticas, não produzem estragos equivalentes às ameaças. E, segundo os autores, quando há erosão, mesmo com vida breve, o recuo momentâneo oculta numerosos casos de avanço. É relativamente fácil chegar ao poder, porém é difícil consolidar um regime autoritário, dizem os autores.

As duas análises parecem com o famoso exemplo do copo meio cheio ou meio vazio, dependendo do observador. Mas como diz Chico Buarque, mesmo um copo vazio está cheio de ar. Melhor tomar cuidado.

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